Criado no âmbito de uma parceria entre a Galp, a Fundação Galp e a Câmara Municipal de Matosinhos, o Colmeia IN.STARTUP é um programa de inovação colaborativa na comunidade que tem como objetivo impulsionar o empreendedorismo e a transição energética no município. Lançado formalmente em junho deste ano, na QSP Summit, contou com mais de 50 candidaturas de start-ups nacionais e internacionais.

Depois de um rigoroso processo de avaliação, realizado por um júri composto por elementos da Galp, da Fundação Galp, da Câmara Municipal de Matosinhos e dos parceiros Yunus Social Innovation Center e iMatch – Innovation Collective, os mais de 50 candidatos foram reduzidos para 5 finalistas e foi no passado dia 12 de dezembro, na Câmara Municipal de Matosinhos, que ficámos a conhecer os três derradeiros vencedores, escolhidos no decorrer de duas semanas, através de uma votação online. Quanto ao prémio, dividiu-se em três valores possíveis, sendo que 50.000€ se destinaram ao 1º lugar, 15.000€ ao 2º e 10.000 ao 3º.

“As três start-ups vencedoras desta edição do programa Colmeia IN.STARTUP corporizam de forma perfeita as premissas que estiveram na génese desta iniciativa. São ideias inovadoras, com um potencial de impacto muito direto na qualidade de vida da comunidade e que permitem testar soluções que podem acelerar a transição energética em Matosinhos”, palavras de Sandra Aparício da Fundação Galp. Para a representante, o objetivo para o futuro passa por um trabalho conjunto e por “fazer desta Colmeia um exemplo de trabalho colaborativo para a promoção de um mundo mais sustentável”.

Já Marta Pontes, representante da Câmara Municipal de Matosinhos, afirma que esta iniciativa é um motivo de orgulho, pela dimensão do trabalho desenvolvido e pela ligação entre os setores público, privado e comunidade. “Vocês são já uma parte da comunidade Matosinhos. Ao longo deste processo, interessaram-se pela nossa história, pelas nossas raízes, pela nossa cultura, pela nossa identidade, pelos problemas da nossa comunidade”, acrescenta a autarca.

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As ideias vencedoras

O primeiro lugar do pódio foi ocupado pelo projeto da start-up EaVy Charging, idealizada para impulsionar a mobilidade elétrica ‘Made in Matosinhos’ através do carregamento automático, inteligente e adaptado à conveniência dos utilizadores de veículos elétricos. “Consiste num sistema de carregamento rápido de veículos elétricos inovador, que faz a carga sequencial de 10 lugares de estacionamento usando apenas um carregador”, explica-nos Paulo Cruz, CEO do projeto, acrescentando: “A instalação de sistemas EaVy Charging promove uma infraestrutura de carregamento sustentável: taxas de utilização elevadas significam menos sistemas para carregar o mesmo número de veículos, reduzindo a quantidade de sistemas a instalar, operar e manter, assim como o investimento nas redes elétricas. O design do sistema foi pensado para se integrar de forma harmoniosa nos ambientes urbanos, podendo incluir um jardim vertical para captura de CO2 e humanizar as cidades”.

Para o responsável, ocupar o primeiro lugar desta edição, traz consigo uma grande dose de “responsabilidade, no sentido de validar que o programa Colmeia IN.STARTUP é um modelo de sucesso, que contribui efetivamente para a transição energética em Matosinhos, fomentando, neste caso, a adoção da mobilidade elétrica através do estabelecimento de uma infraestrutura de carregamento que se adequa às necessidades dos vários perfis de condutores. Também significa uma grande oportunidade. O suporte financeiro resultante do prémio, assim como o apoio logístico da Galp e institucional da Câmara Municipal de Matosinhos, irão permitir acelerar o teste em ambiente real e o processo de certificação, fundamentais para a implementação do projeto-piloto”, remata.

O projeto da start-up WindCredible foi o segundo escolhido da tarde. No que consiste? “A Windcredible está focada no desenvolvimento e produção de turbinas eólicas de eixo vertical (VAWTS), uma tecnologia de energia renovável que gera eletricidade a partir do vento. O nosso design patenteado tem várias vantagens em relação às turbinas eólicas tradicionais, incluindo a sua capacidade de gerar eletricidade de forma eficiente, ser silenciosa e segura para a fauna envolvente. Desta forma são compatíveis com ambientes urbanos e estão preparadas para serem integradas em redes inteligentes”, esclarece Filipe Fernandes, fundador.

Já na hora de ressalvar o impacto deste prémio, não hesita em sublinhar a sua importância: “Significa que a Comunidade de Matosinhos valoriza a transição energética e que poderemos instalar as nossas turbinas numa instituição de solidariedade social local. Não há melhor sentimento do que ajudar aqueles que apoiam as pessoas mais vulneráveis da nossa sociedade, especialmente nos dias difíceis que a sociedade atravessa. Esta vontade está no nosso ADN e faremos sempre os possíveis para conseguir uma transição energética justa e sem deixar ninguém para trás”.

O terceiro lugar foi atribuído à Kumulus, com um projeto assente numa máquina que extrai humidade do ar para produzir até 30 litros de água potável por dia. “As nossas máquinas serão instaladas no âmbito da nomeação de Matosinhos como Cidade Europeia do Desporto para 2025. Poderão servir durante os eventos desportivos, substituindo as garrafas de água que são mais caras, mais poluentes e emitem mais CO2/litro de água”, palavras de Pierre Alexi, representante da Kumulus.

Para este responsável, o Colmeia tornou-se num excelente ponto de partida para expandir o projeto e potenciar a sua oferta como uma alternativa mais sustentável. “Ser um dos vencedores desta primeira edição é um grande feito para a Kumulus. Reconhece o interesse da nossa oferta em ser uma alternativa sustentável às garrafas de água de plástico. Mas, mais importante ainda, dá-nos a oportunidade de trabalhar diretamente com os atores públicos e privados de Matosinhos e de compreender melhor as suas necessidades e de utilizar este piloto como base de partida para a expansão em Portugal”.

Envolver a comunidade e todos os seus agentes naquilo que é, e se espera ser, a transição energética é o foco deste programa. E é caso para dizer que esta foi uma edição de sucesso. Os olhos colocam-se agora no futuro e o desejo é o de que mais projetos se juntem a esta lista de vencedores.