Há praticamente um ano, nos últimos dias de 2022, Cristiano Ronaldo confirmou os cenários mais improváveis e assinou pelo Al Nassr depois de ter rescindido com o Manchester United por mútuo acordo. Um ano depois, poucos poderiam antecipar que o jogador português iria chegar aos últimos dois jogos de 2023 com a possibilidade de ser o melhor marcador do ano civil.

Ronaldo chegava esta terça-feira ao penúltimo jogo do ano, contra o Al Ittihad e num reencontro com Benzema, com 51 golos — menos um do que Harry Kane e Mbappé, sendo que nem o Bayern Munique nem o PSG voltam a jogar até 2024. Dentro da corrida, porém, estava ainda Erling Haaland, que soma 50 golos ao longo do ano e que também ainda vai disputar duas partidas com o Manchester City até ao final da semana. Em resumo, Ronaldo entrava em campo com o Al Ittihad com o objetivo de superar desde já o inglês e o francês e estabelecer alguma margem de manobra em relação ao norueguês.

Para isso, provavelmente, o Al Nassr tinha de vencer o Al Ittihad na deslocação a Jeddah. A equipa de Luís Castro entrava em campo vinda de três triunfos consecutivos, enquanto que o conjunto liderado por Karim Benzema levava duas derrotas seguidas e está já a 22 pontos da liderança do Al Hilal de Jorge Jesus. E golos à parte, Ronaldo só precisava de entrar em campo esta terça-feira para atingir um registo histórico: participava no jogo 1.000 por clubes, acrescentando-se outros 250 pela Seleção Nacional, mantendo-se como 4.º jogador de sempre com mais partidas atrás de Peter Shilton, Fábio e Rogério Ceni.

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Assim, Luís Castro lançava Ronaldo e Otávio no onze inicial, com Laporta, Alex Telles, Talisca e Mané a serem todos titulares. Do outro lado, Marcelo Gallardo apostava em Fabinho, Kanté, Benzema e também Romarinho. O Al Nassr teve as primeiras aproximações à baliza contrária, mantendo-se quase sempre algo instalado no meio-campo oposto, mas acabou por ser o Al Ittihad a abrir o marcador: Benzema desequilibrou na esquerda e descobriu Hamdallah na área, com o médio a passar por dois adversários antes de rematar certeiro (14′).

A vantagem da equipa de Gallardo, porém, não durou muito. Cerca de cinco minutos depois, Benzema fez falta na grande área do Al Ittihad e Cristiano Ronaldo converteu a grande penalidade para empatar e chegar aos 52 golos em 2023, igualando o registo de Kane e Mbappé. O avançado português ficou muito perto de bisar pouco depois, com um remate cruzado que acertou em cheio na barra (22′), e acabou por ser Talisca a carimbar a reviravolta ainda antes do intervalo na sequência de um grande lance individual (38′).

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e o Al Ittihad só precisou de cinco minutos para recuperar o empate, com Hamdallah a bisar de cabeça na área na sequência de um cruzamento na direita (51′). Ronaldo voltou a ficar perto de marcar de livre direto, com o remate a sair pouco por cima da trave (61′), e o momento decisivo do jogo surgiu logo a seguir: o árbitro da partida assinalou penálti de Fabinho sobre Otávio após analisar as imagens do VAR, expulsou o brasileiro por acumulação de amarelos e Ronaldo, na conversão de outra grande penalidade, bisou e chegou aos 53 golos em 2023.

Marcelo Gallardo reagiu com uma dupla substituição, lançando Al-Farhan e Alobud, mas acabou por ser o Al Nassr a levar o resultado até à goleada com dois golos de Mané (75′ e 82′). No fim, o Al Nassr venceu o Al Ittihad, está agora a sete pontos da liderança do Al Hilal e viu Cristiano Ronaldo ficar isolado enquanto melhor marcador do ano após superar Kane e Mbappé — o que significa que, atualmente, só mesmo Erling Haaland pode igualar ou destronar o português se fizer três ou mais golos nos dois jogos que ainda poderá disputar pelo Manchester City até ao final de 2023.

(artigo atualizado às 18h29 de dia 27 de dezembro com a indicação de que Cristiano Ronaldo não está na corrida à Bota de Ouro, mas sim ao lugar de melhor marcador do ano civil)