Uma nova perícia independente prova que o ex-dono do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, sofre de Alzheimer e está no “segundo grau mais grave da doença” com “dependência de terceiros para algumas atividades básicas”. A notícia é avançada esta quinta-feira pelo jornal ECO, que teve acesso ao relatório médico de quase 50 páginas elaborado pelo psiquiatra Joaquim Soares Cerejeira, pela neurologista Maria Isabel Jacinto Santana e pela consultora de psicologia, Renata Benavente, pertencentes ao Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses.
Apesar da dependência de terceiros, os três peritos concluíram que Ricardo Salgado “mantém uma boa capacidade de interação pessoal, compreensão e expressão verbal, raciocínio e um estado emocional”. No seu entender, o ex-líder do BES pode ser “submetido a um interrogatório judicial na qualidade de arguido”. Ainda assim, alertam para a possibilidade de “défices de memória”, não sendo ainda “possível garantir o rigor dos conteúdos evocados”.
Esta perícia independente foi pedida pela juíza do caso EDP. No documento, lê-se que Ricardo Salgado começou a ser seguido por um médico em 2021. Atualmente, o ex-banqueiro apresenta “défices de memória, na velocidade de processamento e função executiva”, o que “leva a um declínio em relação ao seu desempenho cognitivo prévio e que atualmente condicionam uma limitação na sua capacidade de realizar as atividades de vida diária mais complexas”.
“Apuram-se alterações significativas ao nível da orientação, atenção e memória – não orientado no tempo, incapaz de compreender algumas tarefas, atenção sustentada comprometida – e lentificação psicomotora”, sublinha o relatório médico, acrescentando que se notaram, sem embargo, algumas “tentativas de exacerbar dificuldades” pela parte de Ricardo Salgado. “O examinando efetua relatos de sintomas neurológicos ilógicos ou muito atípicos e sintomas relacionados com distúrbios de memória que são inconsistentes com padrões de comprometimento produzidos por disfunção ou dano cerebral real.”
Os médicos frisaram igualmente que o ex-dono do BES evidenciou “uma boa capacidade de compreensão perante as perguntas que lhe eram colocadas, boa capacidade de expressão verbal e boa capacidade de leitura”.
Em novembro, duas avaliações médicas a Ricardo Salgado realizadas no âmbito dos processo que correm no Tribunal de Cascais e no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa revelaram igualmente que o ex-banqueiro padecia de Alzheimer, confirmando o diagnóstico feito pelo neurologista Joaquim Ferreira, médico particular de Salgado.