Luís Marques Mendes aponta o dedo à “falta de transparência” por parte do Governo, apontando paralelos entre a atuação do executivo na polémica relativa à compra de ações dos CTT e à decisão iminente sobre a abertura do concurso para a linha de alta velocidade do TGV.
No seu espaço de comentário semanal na SIC, o comentador político abordou este domingo a polémica da última semana; ainda que reconhecendo que “o Governo tem todo o direito” de proceder à compra de ações da empresa, Marques Mendes entendeu que o executivo falhou no seu dever de informar o público — facto que nem a explicação dada por António Costa (a vontade de preservar os preços das ações) justifica, uma vez que o Governo “não deu conhecimento ao país e os preços subiram na mesma”.
Para o também conselheiro de Estado, esta atuação é sintomática de um problema geral do executivo socialista: a “falta de informação, conhecimento e transparência” recorrente sobre decisões importantes. Nesse sentido, traçou um paralelismo entre a situação nos CTT e o “dossiê” TGV. “Como é que isto vai ser feito? Não há nada dito. Terça-feira há uma deliberação na Assembleia da República, mas não se explica nada”.
Sublinhando a falta de explicações no que à atuação do Estado e dos parceiros privados em áreas como a construção e exploração das linhas ou o nível de investimento público que terá de ser feito, Marques Mendes lançou a questão: “vamos ter ou não uma nova e gigantesca PPP? Eu julgo que é uma PPP mas convinha o Governo explicar”. Para o comentador, este “é um padrão de atuação que não é aceitável, é lamentável e condenável. (…) A democracia pressupõe transparência”, disse.
Noutro ponto, o comentador olhou ainda para a instabilidade nos setores dos transportes e da saúde. No primeiro, Marques Mendes questionou a a sucessão de greves a que se tem assistido e que continuam no início de 2024 — “O direito à greve é um direito fundamental. Mas o abuso do direito à greve é um crime social”. Quanto à segunda, afirmou que a atual situação dos tempos de espera nos serviços de urgência “não é normal”, e denota ma total “falta de planeamento” para responder à crise do setor.
O espaço de comentário passou ainda pelo último fim-de-semana, de congresso do PS e de oficialização da “nova” Aliança Democrática. Considerando que o congresso socialista “correu bem” a Pedro Nuno Santos, Marques Mendes disse, contudo, que o novo secretário-geral terá ainda pela frente o desafio de reabilitar a sua “imagem governativa”, que “justa ou injustamente” deixou uma imagem de “impreparação e até de imaturidade”. Quanto à coligação de PSD, CDS-PP e PPM, o comentador político disse que a nova AD dá “um novo élan político” à oposição de centro-direita, mas que terá de enfrentar dois problemas, nomeadamente a questão do Chega e a necessidade de apresentar “uma agenda transformadora do País”.