O principal partido da oposição no Bangladesh comemorou esta segunda-feira a elevada abstenção eleitoral, que atribuiu a um boicote e a uma greve de 48 horas, contra a primeira-ministra, Sheikh Hasina, proclamada vencedora das eleições gerais.

“O governo gastou milhões (…) e ameaçou as pessoas com a suspensão dos benefícios sociais, mas não conseguiu levar os eleitores aos centros” de voto, disse à agência de notícias EFE o porta-voz do Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP).

Ruhul Kabir Rizvi, também secretário-geral adjunto do BNP, qualificou de “total mentira” os resultados da comissão eleitoral, que colocou a taxa de participação nas eleições de domingo em 40%.

O dirigente agradeceu aos cidadãos “por não demonstrarem confiança neste governo”, prometendo que o partido irá continuar a protestar assim que os resultados finais forem conhecidos.

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O partido de Sheikh Hasina, a Liga Awami, e aliados conquistaram pelo menos 60% dos lugares no parlamento, depois da Comissão Eleitoral do Bangladesh ter anunciado os resultados para 225 dos 300 lugares, noticiou a Somoy TV, o maior canal de televisão privado do país.

Primeira-ministra do Bangladesh ganha eleições e obtém quinto mandato

Com esta vitória, Hasina, que está no poder desde 2009, ganha um quinto mandato em eleições que foram boicotadas pelo BNP, dizimado nos últimos meses por detenções em massa, e por outros partidos.

Depois de ter votado em Daca, no domingo, Hasina, de 76 anos, denunciou o boicote eleitoral pelo BNP, que qualificou de “organização terrorista”.

A Liga Awami não teve praticamente adversários nos círculos eleitorais em que concorreu e absteve-se de apresentar candidatos nalguns círculos, numa aparente tentativa de evitar que o Parlamento seja visto como instrumento de um único partido.

O BNP e outros partidos manifestaram-se durante meses, sem sucesso, no final de 2023, para exigir a demissão de Hasina e a supervisão das eleições por um governo interino neutro.

Cerca de 25 mil quadros da oposição, incluindo todos os dirigentes locais do BNP, foram detidos após estas manifestações, durante as quais várias pessoas foram mortas em confrontos com a polícia, indicou o partido.

O governo admitiu apenas 11 mil detenções.

Cerca de 700 mil polícias e reservistas e cerca de 100 mil soldados foram destacados para manter a ordem durante as eleições, disse a comissão eleitoral. As forças de segurança do Bangladesh são há muito acusadas de uso excessivo da força, o que o governo nega.

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Desde que regressou ao poder, em 2009, Hasina reforçou o controlo, depois de duas eleições marcadas por irregularidades e acusações de fraude.

A popularidade de Hasina foi durante muito tempo sustentada pelos êxitos económicos alcançados, mas, recentemente, as dificuldades multiplicaram-se, com a subida dos preços e generalizados cortes de eletricidade.