Luís Bernardo, consultor de comunicação, assume que vai processar a deputada do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua, que insistiu na ligação do ex-assessor de José Sócrates à Global Media Group. Em carta enviada à Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto — onde Marco Galinha, ex-presidente do grupo de media, está a ser ouvido e ao qual Joana Mortágua questionou sobre a ligação de Luís Bernardo ao grupo, questionando também a ligação de Marco Galinha a José Sócrates — Luís Bernardo considera graves as declarações da deputada bloquista que, “partindo das funções que exercia enquanto assessor do ex-primeiro-ministro, José Sócrates, qualifica e extrapola suspeitas em termos que considero totalmente inaceitáveis”.

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Luís Bernardo garante, assim, que “será objeto de ações cíveis e criminais nas instâncias próprias em defesa do meu bom nome e reputação”. Também diz que está em viagem e, por isso, impossibilitado de agendar uma audição na Comissão antes do fim da legislatura. A Assembleia da República deverá ser dissolvida até 15 de janeiro.

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O Bloco de Esquerda requereu a audição de Luís Bernardo e Paulo Lima de Carvalho, depois de Domingos Andrade, ex-diretor da TSF, ter dito no Parlamento que sentiu pressões da nova gestão do World Opportunity Fund, nomeadamente por parte do administrador Paulo Lima de Carvalho. Domingos Andrade referiu, então, a alegada ligação de Paulo Lima de Carvalho a Luís Bernardo.

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O consultor de comunicação garante, por outro lado, a sua ligação a José Sócrates não existe há mais de uma década. “Na minha atividade pessoal como nas atividades profissionais desenvolvidas e em curso, nunca fui suspeito ou acusado em qualquer processo judicial”, e, no âmbito do processo Marquês, “nunca fui ouvido, nem sequer como testemunha, pela simples
razão de que nada tive a ver com as atividades em apreciação. Pelo contrário, nesse referido processo, o meu nome só surge citado em escutas em que é criticado o facto de eu na altura, apoiar de forma explicita a liderança de António José Seguro”.

E acrescenta que “a entorse da argumentação é evidente quando, em cerca de 15 anos de atividades profissionais ligado ao Governo e trabalhado em gabinetes com António Guterres, Pedro Silva Pereira e Manuel Maria Carrilho, e também, José Sócrates obviamente, a declaração da deputada se force apenas a referência a José Sócrates, insinuando de forma falsa uma ligação ou proximidade que, há mais de uma década, não existe.”

Na carta enviada à Comissão e que assume que torna pública, Luís Bernardo realça não ser acionista da Global Media Group nem exercer qualquer função de administrador ou gestor, mostrando perplexidade “pela forma forçada e artificial com que o meu nome foi referido nessa comissão com base em pressupostos totalmente falsos e caluniosos para tentar sustentar uma ligação ao administrador Paulo Lima de Carvalho” que, segundo Luís Bernardo, “foi convidado pelo acionista Marco Galinha num processo de seleção e escolha em que fui totalmente alheio”.

O consultor acrescenta que “a empresa de que sou administrador executivo, a WLP foi convidada pela atual Comissão Executiva, no âmbito de uma prestação de serviços de consultoria para apresentar um plano estratégico de futuro para o Grupo num quadro de expansão para novos mercados e oportunidade de projetar as marcas, diferentes multiplataformas e potencial digital da GMG, a exemplo do que a WLP fez noutras entidades com resultados reconhecidos e nomeadamente na área dos media”. Esse trabalho, diz, “ainda está em curso, nos prazos solicitados, mas que naturalmente está num impasse perante a situação de todos conhecida”.