O líder parlamentar do PSD rejeitou esta quarta-feira que as preocupações do ex-deputado social-democrata Maló de Abreu tenham sido negligenciadas pela bancada e recordou que foi até ele que abriu um debate sobre saúde na semana passada.

De acordo com fontes presentes na reunião, Joaquim Miranda Sarmento abordou o tema, de forma breve, no início da reunião da bancada do PSD, que decorreu já sem a presença do antigo membro da direção de Rui Rio, que na quarta-feira anunciou ao secretário-geral que saía do partido, após 40 anos como militante, e ao presidente do grupo parlamentar que passaria à qualidade de não inscrito no que resta da legislatura.

Chega está a fechar Maló de Abreu como candidato a deputado

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Um dos argumentos invocados pelo deputado Maló de Abreu, eleito nesta legislatura pelo círculo da Europa, era de que, apesar de vários pedidos seus, nunca foi agendado em plenário um debate sobre a situação das comunidades portuguesas.

Esta quinta-feira, o líder parlamentar argumentou que esse debate não chegou a ser agendado devido à dissolução do parlamento e negou qualquer problema pessoal com o deputado que, na qualidade de presidente da Comissão de Saúde, fez a abertura de um debate potestativo do PSD na passada sexta-feira, considerando até injustas algumas das críticas feitas.

Enretanto, questionado pela Lusa sobre uma notícia do Observador de que o Chega conta com António Maló de Abreu para as suas listas de candidatos para as próximas legislativas, o agora deputado não inscrito rejeitou que a sua saída do PSD tenha qualquer relação “com hipotéticos ou eventuais convites”.

“Nego qualquer ida para qualquer partido”, disse Maló de Abreu. Sobre a possibilidade de integrar listas de deputados por outro partido, como independente, o médico-dentista, eleito pela primeira vez deputado em 2019 por Coimbra, respondeu: “É um assunto que não se me coloca”.

Numa nota à Lusa, António Maló de Abreu justificou na quarta-feira a sua saída do PSD e da bancada social-democrata por não se rever na estratégia da direção do partido e “na inação” da liderança da bancada, nomeadamente quanto às comunidades portuguesas.

“Fundamentalmente e verdadeiramente importante, não me revejo, de todo, na estratégia e na forma de se organizar o partido e de agir da sua direção. E não me revejo nas suas propostas em áreas sensíveis da governação”, referiu o deputado.

“Assim como não me revejo na organização da direção do grupo parlamentar do PSD e na sua inação relativamente, nomeadamente, às comunidades portuguesas — a quem devo justificações, porque por ter sido por elas eleito”, acrescentou.

Maló de Abreu disse que, em 2022, foi cabeça de lista do PSD pelo círculo eleitoral de Fora da Europa, salientando ter sido o único em que o PSD, “concorrendo sozinho, venceu”.

No entanto, lamentou que “sendo o único deputado do PSD eleito pela diáspora portuguesa” nunca tenha sido convocado para participar em qualquer reunião do Secretariado das Comunidades Portuguesas do partido, apesar de o integrar como deputado do PSD eleito pelos Círculos da Emigração, como determinava um regulamento interno aprovado pela anterior direção liderada por Rui Rio em 2018 (e que integrou como vogal).

“Enquanto deputado, solicitei repetidamente que o grupo parlamentar do PSD tomasse a iniciativa de promover, em plenário, um debate sobre a situação das comunidades portuguesas. Apesar de repetidas concordâncias, tal nunca se verificou, pelo que constato a falta de vontade política de o fazer, revelando assim — e de facto, um profundo alheamento, quando não desprezo, pelo assunto e pelos problemas dos nossos compatriotas da diáspora por parte da Direção do GPPSD. Ou por outro obscuro motivo, talvez pessoal, que desconheço em absoluto”, referiu.

O anúncio desta saída aconteceu na véspera do último plenário da XV legislatura, que se prolongará até ao início da nova, após as legislativas de 10 de março.

Na sequência da demissão do primeiro-ministro a 7 de novembro, o Presidente da República anunciou que iria dissolver o parlamento no próximo dia 15 de janeiro e convocar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

O Conselho Nacional do PSD reúne-se na próxima segunda-feira para aprovar as listas de candidatos a deputados, estando a decorrer esta semana as reuniões entre as estruturas distritais e representantes da direção.