O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), considerou esta sexta-feira incompreensível que a implementação da Linha de Alta Velocidade (LAV) em Portugal não se inicie pelo troço Lisboa-Madrid, ligando as duas capitais da Península Ibérica.
“É um bocadinho estranho e, de certa forma, incompreensível que não se pense no TGV (sigla de train à grand vitesse, comboio de grande velocidade) entre Lisboa e Madrid. Podemos ter alta velocidade noutras partes do país, outras ligações, mas a primeira ligação, e diria que é quase de senso comum para os portugueses e para os espanhóis, […] é esta necessidade de ligar Lisboa-Madrid através da alta velocidade”, declarou Carlos Moedas.
À margem da inauguração da Unidade de Saúde do Beato, em Lisboa, o autarca do PSD disse que “é impensável que duas capitais, com esta dimensão, em dois países vizinhos, não tenham essa ligação” de alta velocidade, defendendo o troço Lisboa-Madrid, posição que diz ter o apoio da presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso (do PP, direita).
“O Governo decidiu uma ligação diferente e, portanto, é uma decisão do Governo, mas gostaria de continuar a lutar por uma ligação muito importante, que é uma ligação que cria oportunidades económicas muito importantes entre aquilo que são as duas capitais de Portugal e Espanha e essa ligação é Lisboa-Madrid, portanto vou continuar a lutar nesse sentido”, frisou Carlos Moedas.
O Governo, sob liderança de António Costa (PS), decidiu avançar com o lançamento do concurso para a construção do primeiro troço da Linha de Alta Velocidade entre Lisboa e Porto.
O presidente da Câmara de Lisboa referiu que “são duas linhas muito diferentes” para a concretização das ligações Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid.
“Uma será esta que o Governo defende Lisboa-Porto e, depois, até à Galiza. Aquilo que defendo é uma linha Lisboa até Madrid, essa linha Lisboa até Madrid, obviamente não vai para o norte de Portugal, é uma linha que iria diretamente nos 600 quilómetros que temos entre as duas cidades”, explicou o autarca.
Carlos Moedas acrescentou que, se for possível ter a ligação Lisboa-Madrid e outras linhas, “muito bem”, ressalvando que a prioridade deve ser ligar as duas capitais da Península Ibérica.
“A mais prioritária, para mim e penso que para os portugueses, será uma ligação hoje que não temos entre as duas capitais, entre Lisboa e Madrid, portanto essa é a minha questão, mas obviamente o Governo tem todo o direito a fazer a suas escolhas. Cá está, é uma escolha a nível nacional feita pelo Governo, por este Governo, mas que não seria a minha escolha. A minha escolha seria, sem dúvida, esta ligação Lisboa-Madrid”, expôs.
Na terça-feira, a Assembleia da República (AR) aprovou a recomendação do PS ao Governo para que lance o concurso para o primeiro troço da linha de alta velocidade Porto-Lisboa até final de janeiro, apenas com a abstenção do Chega.
Neste âmbito, o primeiro-ministro, António Costa, assinalou o “dia histórico” da aprovação, pela Assembleia da República, do lançamento do projeto de alta velocidade ferroviária, salientando que a abertura deste concurso público permitirá a Portugal ter acesso aos 729 milhões de euros que estão reservados em Bruxelas exclusivamente para esta obra.
A decisão da Comissão Europeia sobre o Mecanismo Interligar a Europa (MIE), ao qual o Governo pretende submeter um troço do TGV, será conhecida em julho, com as propostas a terem de ser apresentadas até 30 de janeiro.
Esta sexta-feira, o Governo procedeu ao lançamento do concurso para a construção do primeiro troço da Linha de Alta Velocidade entre Lisboa e Porto, numa cerimónia que decorreu na sede das Infraestruturas de Portugal, no Pragal, em Almada, distrito de Setúbal.