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Num novo vídeo divulgado esta segunda-feira, o grupo islâmico Hamas revelou, como prometido, o destino dos três reféns que apareciam no vídeo inicial, publicado no domingo na conta do grupo islâmico palestiniano no Telegram. As novas imagens mostram, alegadamente, os corpos sem vida de Yosef Sharabi, de 53 anos, e Itai Svirsky, de 38 anos. A terceira refém, Noa Argamani, de 26 anos, informa que os dois foram mortos “por ataques aéreos das nossas Forças de Defesa de Israel”, segundo a Reuters. Não há confirmação oficial da morte dos dois homens.

Yosef Sharabi, também conhecido por Yossi, de 53 anos, tem passaporte português, de acordo com a Embaixada de Israel em Lisboa. Pai de três filhas, foi levado do kibutz Be’eri, onde vivia, a 7 de outubro. A mulher, Nira, e as três filhas adolescentes, escaparam.

Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, acusou o grupo de cometer “abusos psicológicos”. No vídeo divulgado no domingo, que não se sabe quando foi gravado, os reféns pediam ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a cessação da guerra na Faixa de Gaza.

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Nele, Itay Svirsky declarava: “Fui abandonado pelo meu governo duas vezes, uma vez quando fui sequestrado em Be’eri e outra agora. Por favor, Netanyahu, pare esta guerra, leve-nos para casa. As condições são muito difíceis, não temos comida nem água. Estou em perigo, em todos os lugares.”

“À medida que a guerra continua, a situação torna-se mais difícil. Corremos um perigo cada vez maior. É por isso que a guerra tem de acabar”, seguia Yossi Sharabi no seu depoimento.

[Excerto do vídeo partilhado no domingo:]

Esta segunda-feira, o grupo islâmico começou por publicar novas imagens, onde levantava três hipóteses sobre o destino dos reféns: os três foram mortos; alguns morreram e outros ficaram feridos; ou os três estão bem. “Esta noite vamos informar-vos sobre o seu destino”, anunciava o Hamas, ainda de acordo com a Reuters.

Mais tarde, revelou então que Yossi Sharabi e Itay Svirsky terão morrido em cativeiro. Nas imagens, a terceira refém, Noa, está visivelmente sob pressão enquanto afirma que os dois homens com quem estava detida foram mortos, de acordo com a Lusa.

Colocaram-me num prédio que foi bombardeado por um ataque aéreo das Forças de Defesa de Israel, por um avião de combate F16. Três rockets foram disparados. Dois dos  rockets explodiram e o outro não”, relatou Noa, citade pela EFE. De acordo com o seu relato, os três estavam com milicianos das Brigadas Al-Qassam naquele edifício quando o mesmo foi atingido.

“Ficámos todos soterrados sob os escombros. Os soldados do Al-Qasam salvaram a minha vida e a de Itay. Infelizmente, não conseguimos salvar a de Yossi”, continua. “Depois de duas noites, o Itay e eu fomos transferidos para outro local. Enquanto éramos transportados, o Itay foi atingido por outro ataque aéreo das IDF.”

Noa Argamani tornou-se numa das caras do ataque violento do Hamas de 7 de outubro. As imagens que circularam nas redes sociais mostravam a jovem de 26 anos a ser levada do festival de música Supernova pelo grupo terrorista numa mota, enquanto lhes implorava: “Não me matem, por favor!”. O namorado, Avinatan Or, de 30 anos, também foi sequestrado. O seu paradeiro não é conhecido.

A libertação de Noa tem sido amplamente solicitada, uma vez que a sua mãe sofre de um cancro terminal.

Dos cerca de 250 reféns raptados a 7 de outubro pelo Hamas, cerca de uma centena foi libertada na troca de prisioneiros palestinianos durante o cessar-fogo acordado no final de novembro. Mas mais de 130 reféns continuam na Faixa de Gaza (território controlado pelo Hamas desde 2007), segundo as autoridades israelitas, que estimam que 25 tenham morrido.

Yossi Sharabi, o refém com nacionalidade portuguesa

Nira, mulher de Yossi Sharabi, esteve no mês passado em Portugal num encontro com familiares de reféns com nacionalidade portuguesa —Eli Sharabi, Idan Shtivi e Tsachi Idan eram os outros três representados.

Numa conferência de imprensa a 6 de dezembro, a propósito de uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, Nira pediu ajuda ao governo para que pressionasse pela libertação do marido. Os familiares dos reféns aproveitaram a ocasião para partilhar o seu desespero e apelar por esforços no sentido da sua libertação.

Na véspera da conferência de imprensa, os mesmos familiares reuniram-se numa sinagoga em Lisboa, onde rezaram pelo “fim do pesadelo”. Nessa ocasião, Nira desabafou em declarações à Lusa: “É realmente uma realidade diferente, porque não consigo entender como se pode ser cruel neste mundo, no nosso século, nas nossa vidas, pegarem nas nossas pessoas mais queridas e colocá-las noutro lugar sem nada, sem sabermos qual é o seu estado, condição e como são tratados.”

Yossi Sharabi é filho de pai e mãe marroquinos, com os apelidos Sharabi e Turgeman, respetivamente. “Membros da família Turgeman regressaram a Portugal, provenientes de Marrocos e Gibraltar, nos séculos XIX e XX, estando sepultadas no cemitério judaico de Lisboa”, lê-se num comunicado da Comunidade Israelita do Porto, citado pela Lusa.

Exército israelita rejeita acusações do Hamas

Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, diz que o exército contactou os familiares dos dois reféns alegadamente mortos para expressar sérias preocupações pelas suas vidas, face à informação divulgada pelo Hamas. O exército acredita que a terceira refém, Noa Argamani, continua viva.

No vídeo divulgado segunda-feira, o grupo islâmico mostra os supostos corpos sem vida de Yosef Sharabi, de 53 anos, e Itai Svirsky, de 38 anos, enquanto a terceira refém, Noa Argamani, explica que terão morrido na sequência de bombardeamentos do exército israelita em Gaza.

Citado pelo The Times of Israel, Hagari rejeita as acusações do Hamas, que alega que o exército israelita atacou um prédio onde os três reféns estavam em cativeiro, matando Svirsky. “Itay não foi morto pelas nossas forças. Isto é uma mentira do Hamas“, declarou. “O prédio onde estavam em cativeiro não era um alvo e não foi atacado pelas nossas forças.”

“Não sabíamos a sua localização exata em tempo real. Não atacamos onde sabemos que estão reféns. Em retrospetiva, sabemos que atacámos alvos perto das localizações onde estavam”, continuou, explicando ainda que o exército vai investigar as imagens.

“Nos últimos dias, representantes das IDF encontraram-se com as famílias de Itay e do outro refém e expressaram preocupações sérias pelas suas vidas, devido à informação que tínhamos”, informou.

Depois de acusar o Hamas de se “aproveitar do facto de a sociedade israelita santificar as vidas do seu povo para semear medo”, declarou: “Sim, a sociedade israelita santifica as vidas das suas pessoas, é esta a nossa força, a nossa preocupação pelos nossos cidadãos e a forma como estamos determinados em recuperar os reféns. Trabalhamos com todos os meios para os trazermos para casa e evitarmos que se magoem. É esta a nossa bússola, é este o nosso dever moral.