“Don’t kill me! No, no, no.” Foi um dos focos da “Operação Tempestade Al-Aqsa”, lançada pelo Hamas, que apanhou de surpresa Israel no sábado, causando já centenas de mortos. Num festival de música trance perto do kibutz de Re’im, uma zona de deserto, tudo parecia normal até à madrugada de sábado, altura em que se ouviram rockets — que alguns participantes confundiram com a música — seguidos de tiros disparados por militantes palestinianos. Segundo os meios de comunicação internacionais, alguns participantes foram feitos reféns. Há “centenas” de pessoas por localizar e “vários” mortos.

A CNN Internacional é um dos meios que refere a existência vários mortos no local do festival e “múltiplos” reféns. As famílias esforçam-se agora por localizar os muito desaparecidos, que podem estar feridos, mortos ou em fuga. Existem relatos — não confirmados — de que o Hamas está a raptar sobretudo mulheres e a utilizar a violência sexual como arma de guerra.

Nas redes sociais têm sido partilhadas imagens do ataque. Um deles mostra uma mulher, identificada como Noa, em pânico, a pedir ajuda, enquanto é levada como refém pelas forças do Hamas numa mota, assim como um homem, identificado como Avinatan, que seria seu namorado, com as mãos presas atrás das costas a ser sequestrado por elementos do Hamas. No vídeo que captou o momento que é Noah sequestrada, pode ver-se a jovem mulher a pedir clemência: “Não me matem, por favor!”.

O festival Nova acontecia numa área rural perto da fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, ao ar livre, num evento que, segundo a CNN, iria durar toda a noite para celebrar o feriado judaico de Sucot. Mas, ao amanhecer, começaram a ser ouvidos os primeiros rockets e sirenes de alarme.

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Segundo o The Times of Israel, o festival de música trance começou às 23h00, hora local, e teria como participantes pessoas dos 20 aos 40 anos de várias partes de Israel. Não é conhecido o número exato de vítimas do ataque ao festival de música. O Channel 12, citado pela CBS, fala mesmo em “dezenas” de mortos.

Nem sequer tínhamos um sítio para nos escondermos porque estávamos ao ar livre”, afirmou Tal Gibly, uma das participantes, à CNN. Relatos feitos ao israelita Channel 12 referem que houve quem confundisse o som dos rockets com a música, só se apercebendo do ataque com os disparos posteriores dos militantes do Hamas.

O pânico gerou-se. Muitos conseguiram escapar de carro, mas a certa altura as estradas ficaram congestionadas. Segundo o relato de Tal Gibly, houve quem abandonasse os carros para fugir a pé. Vídeos nas redes sociais mostram dezenas de pessoas a correr de um lado para o outro, algumas caídas no chão.

Alguns, tal como Gibly, fugiram para uma zona de arbustos perto, mas as forças do Hamas também atacaram esse local. Houve casos de pessoas que ficaram escondidas durante várias horas ou que fingiram estar mortas até à chegada de soldados israelitas.

Nas redes sociais, circula um outro vídeo em que uma mulher inconsciente é exibida por militares do Hamas, em Gaza. Há um momento em que um dos elementos do grupo cospe no corpo aparentemente sem vida da mulher. Segundo a CNN, trata-se de Shani Louk, uma cidadã com dupla nacionalidade alemã e israelita, que também terá estado no festival de música.

O vídeo que circula nas redes sociais mostra Shani com o rosto para baixo, as pernas numa posição não natural, usando apenas sutiã e calções, e um ferimento na região da cabeça. A família reconheceu-a pelas rastas e tatuagens. Atendendo à violência das imagens, o Observador optou por não replicar o vídeo.

A mãe, Ricarda, fez um apelo nas redes sociais. “Recebemos um vídeo onde pude reconhecer claramente nossa filha. Inconsciente, no carro com os palestinianos enquanto eles entravam na Faixa de Gaza. Peço qualquer ajuda, qualquer notícia”, apela. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha garantiu estar a em contacto com as autoridades israelitas.