O presidente do Chega considerou, esta terça-feira, que o PSD seria “um partido muito melhor” se lesse “mais Sá Carneiro e menos Cavaco Silva”, rejeitando apropriações do legado do fundador social-democrata com o argumento de que o antigo primeiro-ministro “é de todos”.

Em declarações aos jornalistas, antes de participar numa palestra na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, André Ventura foi questionado sobre um comunicado enviado à imprensa na segunda-feira pelo Instituto Francisco Sá Carneiro, que repudiou “as persistentes tentativas do líder do Chega em tentar colar-se à imagem e à memória do fundador do PPD-PSD” considerando que o histórico social-democrata “é inimitável, muito menos caricaturável”. “Se o PSD lesse mais Sá Carneiro e menos Cavaco Silva tínhamos um partido muito melhor”, respondeu André Ventura.

O presidente do Chega disse ainda que Francisco Sá Carneiro “é de todos”, reiterando que se identifica muito com o antigo primeiro-ministro e acrescentando que “há figuras que pela sua história não são de nenhum partido, são de todos”.

“Sá Carneiro não é do PSD, nem do CDS, nem do PS, Sá Carneiro é de nós todos, quer de um lado, quer de outro”, afirmou.

Ventura disse ainda que o comunicado divulgado pelo instituto na segunda-feira “mostra provincianismo de uma parte da sociedade portuguesa”, dando como exemplo o caso de Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, que apesar de ter sido líder do Partido Conservador “é uma figura consensual da esquerda à direita”.

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O líder do Chega criticou ainda as medidas apresentadas hoje pela Aliança Democrática (PSD-CDS-PPM), após uma reunião com economistas, após a qual Luís Montenegro anunciou que a prioridade da coligação será “menos impostos e melhores serviços públicos”, que também passarão pelo regresso das Parcerias Público-Privadas (PPP) na saúde e dos contratos de associação na educação.

Dizendo que concorda com uma descida do IRS e do IRC, Ventura acusou o PSD de não ter levado avante estas propostas quando esteve no Governo.

No congresso do Chega, que decorreu no passado fim de semana em Viana do Castelo, André Ventura reivindicou o legado do fundador social-democrata Francisco Sá Carneiro, chegando a afirmar que está tão preparado para ser primeiro-ministro como estava o antigo líder do PPD em 1979.

“Que André Ventura queira fazer crescer a base de apoio do seu partido através de um culto de personalidade centrado na sua figura é um direito que lhe assiste”, lê-se no comunicado do Instituto Francisco Sá Carneiro, de segunda-feira, defendendo que o líder do Chega “está apenas a seguir a linha de outros partidos e movimentos populistas, na Europa e no mundo, que lhe servem de inspiração e de suporte, tanto nos atos como no discurso”.

“Mas que não o faça procurando incorporar qualidades, que não tem, de um homem que se encontrava nos seus antípodas. Desde logo no campo do respeito pelas pessoas — independentemente das suas origens, crenças, grupos étnicos, orientações sexuais ou condições socioeconómicas. Mas também no campo do primado da verdade sobre a demagogia e a mentira”, lê-se no texto.