O Guinness World Records (GWR) veio clarificar as notícias que surgiram esta terça-feira nos meios de comunicação social do mundo inteiro e que davam conta de que Bobi, o rafeiro do Alentejo que terá vivido 31 anos, tinha tido o título de “cão mais velho do mundo” retirado. O cão mantêm os títulos que lhe tinham sido atribuídos enquanto decorre uma avaliação ao processo de atribuíção de recordes, diz a instituição, num email enviado ao dono, e a que o Observador teve acesso.
Em causa estão declarações da última segunda-feira ao jornal The Times, pelo porta-voz da instituição, que, em março de 2023, condecorou o cão de Conqueiros, no distrito de Leiria. O representante do Guinness tinha afirmado que, “enquanto a análise” à idade de Bobi “está em curso”, decidiu “suspender temporariamente os títulos de ‘cão mais velho vivo’ e ‘cão mais velho de sempre'”. “Apenas até que todas as nossas conclusões estejam reunidas”, acrescentou na altura.
Após ler as notícias de que os títulos tinham sido retirados a Bobi, o dono do cão, Leonel Costa, decidiu entrar em contacto com o Guinness, que lhe respondeu esta quarta-feira, dizendo que “os títulos não foram retirados a Bobi“.
“Os meios de comunicação social foram precipitados e as suas coberturas um pouco descontextualizadas”, disse a instituição, no e-mail a que o Observador teve acesso.
O Guinness justificou ainda que “suspendeu temporariamente as candidaturas para os títulos recordistas enquanto a avaliação do processo continua em curso”. “Foi isso que dissemos aos meios de comunicação social”, esclarece.
“Nada foi por acaso e tudo teve um único propósito que se chama ‘negócios das alimentações processadas para animais’”
Após a morte de Bobi, a 21 de outubro de 2023, Leonel Costa fechou-se no silêncio e acompanhou a polémica que surgiu a questionar a veracidade da história do cão. No entanto, esta terça-feira falou pela primeira vez sobre a desconfiança que considera ter sido lançada pelos “parasitas” e “elite” de veterinários, como classificou, que obrigou o Guinness a investigar novamente a idade do animal.
Além do comunicado que enviou às redações, o dono de Bobi garantiu ao Observador que “nada” lhe foi “transmitido pelo Guinness”. “Nem agora, nem em outubro, quando circularam as notícias de que a instituição ia voltar a investigar a idade do Bobi. Fui, aliás, sempre eu que tive de o consultar [a organização] para perceber o que se passava”, disse.
Apesar de a instituição não o ter informado previamente de que uma única denúncia a obriga a investigar novamente os recordistas, não é ela quem Leonel Costa culpa por ter lançado a polémica.
“Nada foi por acaso e tudo teve um único propósito que se chama ‘negócios das alimentações processadas para animais’“, disse, no comunicado a que o Observador teve acesso.
“Bobi teve uma longa vida a comer alimentação natural, bem como a receber vacinas apenas essenciais e um estilo de vida que proporcionou a sua longevidade”, continuou. “O Bobi, assim como outros animais deste mundo, prova que comer rações não é sinal de maior qualidade de vida.”
Leonel Costa clarificou ainda que o processo para a concessão do título motivou um ano de “várias consultas e exames com especialistas” e a “um envio de toda a documentação”, não percebendo como é que uma fotografia de 1999, que mostra Bobi com as patas brancas – algo que contrasta com os seus registos fotográficos recentes –, motivou uma dúvida sobre a sua idade.
“Entendo perfeitamente que custe a estas pessoas aceitar que um animal viva tantos anos, contrariando muitas das suas indicações, mas não vou permitir que manchem o nome do Bobi e sua honrosa vida. Podem atacar-me a mim, que estou aqui para vós, mas ao Bobi não permito!”, assegurou.