Dois homens suspeitos de envolvimento no assassínio do procurador encarregado da investigação ao assalto a uma emissora de televisão no Equador foram detidos esta quinta-feira, após uma operação policial e militar na prisão de Guayaquil. “Prendemos dois alegados suspeitos do assassínio do procurador César Suarez” em Guayaquil, “após um procedimento investigativo que nos permitiu identificar a sua alegada participação no ato criminoso”, disse o chefe da Polícia Geral, César Zapata, numa mensagem nas redes sociais.

O Exército já tinha anunciado em comunicado uma nova intervenção na prisão de Guayaquil, para “controlar os perímetros externos e internos do centro penitenciário”. Muitos soldados armados entraram de madrugada no vasto complexo prisional, em frente ao qual estavam estacionados quase 20 veículos do exército e autocarros da polícia.

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Assassinado a tiro o procurador que investigava a invasão à televisão no Equador

A aparição ao vivo, no dia 9 de janeiro, de homens fortemente armados e encapuzados, imobilizando jornalistas e funcionários do canal público de televisão sob ameaça chocou o país, confrontado com uma onda de violência desencadeada por grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas. A rápida intervenção da polícia permitiu pôr fim à tomada de reféns sem causar vítimas e conseguindo ainda deter 13 agressores.

O procurador Suarez foi morto a tiro enquanto conduzia o seu carro na área portuária de Guayaquil. Suarez tinha liderado investigações que revelaram infiltrações da máfia no sistema judicial e escândalos de corrupção na compra de material médico durante a pandemia de covid-19.

“Em resposta ao assassínio do nosso colega César Suarez (…) serei categórica: grupos do crime organizado, criminosos e terroristas não impedirão o nosso compromisso com a sociedade equatoriana”, reagiu a procuradora-geral, Diana Salazar, na quarta-feira, num vídeo divulgado nas redes sociais.

Salazar relatou ameaças de morte diretas do grupo Los Lobos, uma das principais organizações criminosas, cujo líder, Fabricio Colon Picole, também fugiu da prisão na semana passada.

Os procuradores estão sob a ameaça de cerca de 20 organizações criminosas que operam no Equador, que já foi um refúgio de paz, mas foi devastado pela violência depois de se tornar o principal ponto de exportação da cocaína produzida nos estados vizinhos do Peru e da Colômbia. Em junho, o procurador Leonardo Palacios foi morto por homens armados na cidade de Duran, vizinha de Guayaquil.

Presidente do Equador: “Estamos em estado de guerra e não podemos ceder a estes grupos terroristas”

O ataque à televisão pública nacional foi o clímax da cadeia de violência desencadeada pela fuga, poucos dias antes, do temido líder do bando Choneros, Adolfo Macias. Para restaurar a ordem, o Presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou “estado de guerra” contra os grupos criminosos organizados e enviou mais de 20 mil soldados para as ruas.

A violência no país já provocou pelo menos 19 mortes e, nos últimos meses, tanques de guerra patrulham o país e o Exército tenta recuperar o controlo das prisões.