Na próxima segunda-feira, na tradicional e emblemática cerimónia do toque do sino, que assinala o arranque da negociação de ações em Wall Street, estará uma portuguesa: Sara Sousa. A diretora-geral da Blip vai viajar até aos Estados Unidos para representar a empresa, sediada no Porto, que é o “principal hub tecnológico” do grupo irlandês Flutter Entertainement, que opera no mercado de apostas desportivas, gaming e entretenimento online e que fará a sua estreia na bolsa de Nova Iorque a 29 de janeiro.
Com “expectativas elevadas”, a diretora-geral da empresa portuguesa, especializada no desenvolvimento de software à medida para web e mobile na área das apostas desportivas, antecipa um dia que será “especial e inesquecível” enquanto representante dos mais de 700 trabalhadores que, afirma, “tanto contribuem para o sucesso da Blip, não só enquanto polo tecnológico de excelência em Portugal, como também do grupo” Flutter.
Somos todos nós que estaremos no famoso balcão quando o sino tocar. Espero que seja uma celebração bonita e também um ponto alto dos 15 anos de história que celebramos este ano”, diz Sara Sousa, citada em comunicado divulgado esta quarta-feira, recordando que a Blip nasceu em 2009.
Para a portuguesa, a entrada na bolsa de Nova Iorque da Flutter significa “ganhar acesso ao mercado de capitais norte-americanos e a novos investidores”, o que mostra “ambição de continuar a liderar a indústria a nível global”. Uma evolução que, defende, terá “reflexos diretos na Blip, que serve as principais marcas do grupo na Europa, nos Estados Unidos e, este ano, também na Austrália”.
![Sara Sousa, Diretora Geral Blip](https://bordalo.observador.pt/v2/q:84/rs:fill:2560:1436/c:2560:1436:nowe:0:270/plain/https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2024/01/23180649/sara-sousa-diretora-geral-blip.jpg)
▲ Sara Sousa, diretora-geral da Blip
Direitos Reservados
Sara Sousa fala também num momento marcante para a Blip, que “tem desempenhado um papel decisivo no crescimento do grupo, em particular nos Estados Unidos”, que é hoje o principal mercado. “A Fan Duel, a nossa marca norte-americana [do grupo Flutter], alicerçou o go-to-market e ganhou a corrida à concorrência no setor das apostas desportivas, em grande medida pelo facto de recorrer às plataformas e conhecimento tecnológico e de produto das equipas da Blip, que esteve na génese daquele que é hoje um líder de mercado incontestável, com mais de 50% de quota de um dos maiores mercados mundiais”, acrescenta.
Ao Observador, a tecnológica explica que essa marca foi adquirida em 2018 por parte da Flutter e tem produtos associados ao mercado das apostas desportivas, mas também ao gaming, estando ainda a “crescer como estação televisiva na secção do desporto”. “A Fan Duel tem hoje cerca de 51% da quota de mercado de apostas desportivas nos EUA. Só no famoso Super Bowl de 2023, a Fan Duel faturou 200 milhões de euros — toda a preparação tecnológica desse evento acontece predominantemente na Blip”, ainda que com a participação de outros escritório do grupo irlandês.
Fundada em 2009, a Blip foi comprada três anos depois pela Betfair, sendo que em comunicado é salientado que “fez parte de todas as aquisições e movimentos que culminaram na criação da Flutter”. Isto porque em setembro de 2015, segundo o The Guardian, as concorrentes Paddy Power e Betfair concordaram com uma fusão. A empresa, que passou a designar-se Paddy Power Betfair, anunciou em 2019 que mudaria de nome para Flutter Entertainment.
Neste momento, a Flutter, com sede na Irlanda, emprega mais de 22 mil pessoas e está presente em mais de 100 mercados. O relatório financeiro relativo a 2023 só será conhecido após a entrada em bolsa ser oficializada, mas, entretanto, foi divulgada uma atualização dos “resultados do último trimestre e do ano fiscal, que apontam para um crescimento anual de 25% de receitas, para um total superior a 9,5 mil milhões de euros”.