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Afinal, haverá ou não eleições na Madeira? Para Alberto João Jardim, essa discussão é uma “tontice”. “No meu entender, tem de haver eleições. Se defendi eleições no caso de António Costa – apesar de o PS ter dito o contrário e sugerido colocar lá uma pessoa –, defendo também cá”, disse o antigo presidente do Governo Regional, esta segunda-feira, em entrevista à RTP Madeira.

Após ter exigido que “Lisboa não julgasse os madeirenses tontos”, Alberto João Jardim esclareceu que “não trai amizades” e que “não acredita em nada do que” envolve Miguel Albuquerque, demissionário de líder do Governo Regional, Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal, Avelino Farinha, presidente do Grupo AFA, e o empresário Custódio Correia – que foram constituídos arguidos por suspeitas de corrupção –, enquanto “os casos não forem julgados” e forem requeridas “todas as hipóteses de recurso, inclusivamente para o Tribunal Europeu”.

Não obstante, o antigo político defende que o “ciclo” de Miguel Albuquerque terminou e que está na altura de o PSD começar um novo. E, por isso, o partido “não pode dar qualquer imagem de que tem receio do voto popular”. “Não tem, de certeza, por isso tem de ir a eleições”, acrescentou.

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Alberto João Jardim pediu assim que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “faça o mesmo que fez com o PS”, após a demissão de António Costa, a 7 de novembro. “Que dê tempo para o PSD encontrar novos dirigentes e apresentar novas caras. O PSD continua a ter o que de melhor há na região e voltará a ser um partido fortemente popular”, assegurou.

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Para as próximas eleições, que o antigo governante considerou ser boa ideia realizarem-se perto das europeias – porque “assim vota-se tudo de uma vez” –, Alberto João Jardim defendeu que o PSD tem de “pensar em grande”. “É tempo de fazer uma grande frente com todas as forças que querem mais autonomia, para poder segurar a região por muitos, bons e mais anos”, disse. E quando fala nestas forças, inclui todos os que não são comunistas, até quem andou “a brincar aos partidos”.

Um “beijo de judas” a quem “sempre foi leal à coligação CDS”

Alberto João Jardim voltou a referir-se ao termo “tontice” para apelidar a atitude do CDS-PP/Madeira, que, esta segunda-feira, defendeu a exoneração imediata de Miguel Albuquerque e a indigitação de um novo executivo.

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“O CDS entrou numa de brincar aos partidos. Não foi correta a posição”, disse, referindo-se às declarações de Rui Barreto, líder do CDS-PP/Madeira e parceiro de coligação do PSD no Governo Regional, que entendeu que o represente da República devia “aceitar com efeitos imediatos” a demissão do chefe executivo, “com todos os efeitos legais daí decorrentes”.

“O próprio doutor Miguel Albuquerque sempre foi leal à coligação com o CDS. Não se fazia. Isto é um beijo de Judas”, acrescentou. “A posição do CDS consegue ser mais irresponsável do que a do PAN e da que do JPP, que disseram: ‘Sim, senhor. Temos de garantir que vai haver orçamento e só depois vamos a eleições'”.

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Para estas eleições, apesar de tudo, Alberto João Jardim não exclui a possibilidade de um novo acordo com o CDS, nem mesmo com o Chega, visto que “não tem preconceitos”. “Para mim, o adversário principal são as forças comunistas. Por isso, quem tem de ficar de fora são essas forças comunistas. Não tenho de ser politicamente correto”, afirmou.

O antigo presidente do Governo Regional referiu ainda que não acredita que alguém “aceite ir para um governo apenas durante dois meses” e recusou-se a dar possíveis nomes para a futura liderança do partido, dizendo que acredita que quem preside o PSD devia presidir o governo.