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Fizeram-se passar por médicos e mataram três alegados militantes do Hamas em apenas dez minutos. As Forças de Defesa Israelitas (IDF, na sigla inglesa) anunciaram esta terça-feira que assassinaram um “esquadrão de terroristas armados”, que estava supostamente escondido no hospital Ibn Sina, em Jenin, na Cisjordânia, e que planeava um ataque, “no período imediato”, “inspirado nos acontecimentos de 7 de outubro”.

O exército israelita denunciou, numa publicação de Telegram, que assassinou Mohammad Walid Jalamna, de 27 anos, que residia “há algum tempo” no campo de refugiados de Jenin e que “manteve contacto com a sede do Hamas no exterior, tendo até ficado ferido quando tentou realizar um ataque com um carro explosivo”. Além disso, acusou o alegado elemento do Hamas, que diz ter sido encontrado com uma arma, de ter “transferido armas e munições para organizações terroristas, de forma a realizar ataques”.

Já os outros dois mortos, que entretanto se confirmou serem membros das Brigadas Jenin, são Mohammad Ayman Al-Ghazawi e o irmão, Basil Ayman Al-Ghazawi, que Israel tinha dito que fazia parte da Jihad Islâmica.

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https://twitter.com/Ibn_Battuta2024/status/1752293135080636559

O Hamas já reagiu ao ataque, tendo confirmado que o primeiro homem era membro da organização e dito que foi “um crime vil, que não ficará sem resposta”. “As forças de resistência, que juraram lutar contra a ocupação até que esta seja expulsa, não têm medo da política de assassinatos”, disse em comunicado, citado pelo Haaretz.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano condenou “veementemente o assassinato dos três jovens pelas forças de ocupação”, enquanto que o ministro da Saúde, Mai Alkaila, apelou à Assembleia-Gera da ONU, que pusesse um “fim à série de crimes diários cometidos pela ocupação contra o povo palestiniano e os centros de saúde em Gaza e na Cisjordânia”.

As imagens das câmaras de videovigilância do hospital mostram cerca de dez membros das forças secretas disfarçados com roupas de mulher e com fardas de médicos e de enfermeiros a entrar pelas instalações e a subir até ao terceiro piso, onde estavam os alvos da operação.

Segundo o mesmo jornal, que cita fontes do hospital, os militares mataram os três soldados com recurso a silenciadores, não tendo sido detetados pela equipa médica.

O vice-diretor do hospital disse que Basil Ayman Al-Ghazawi estava na cama, hospitalizado desde outubro – na sequência do ataque aéreo ao cemitério de Jenin, que matou quatro jovens palestinianos e feriu outros 20 – e que estava parcialmente paralisado na zona da barriga para baixo. Já os outros dois, incluindo o irmão deste, estavam supostamente a fazer-lhe companhia durante a noite, igualmente deitados em duas poltronas.

Uma pessoa, que estava no hospital na altura do ataque, confirmou que os militares “entraram individualmente” e que “um estava vestido de mulher, outro de velho, um terceiro de funcionário e um segurava uma cadeira de bebé”. “Depois de se terem reunido no terceiro andar, entraram no quarto onde estavam os três, dispararam à queima-roupa e foram-se embora”, recordou, dizendo ainda que nessa ala estavam internados mais dez utentes, mas que nenhum ficou ferido.

Outra testemunha disse ainda que nem todos militares entraram no quarto, tendo alguns ficado espalhados pelo hospital, nomeadamente na entrada, para evitar interrupções.

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Mãe de Basil e Mohammad, durante o funeral dos filhos

Um vídeo publicado pelos meios de comunicação social locais, citado pela Al Jazeera, mostrou a mãe dos irmãos assassinados a dizer que os dois eram “amados por todos”. “A última vez que os vi foi ontem (segunda-feira) às nove da noite. Estava no hospital e o meu filho Mohammad disse-me: ‘Vai embora, que nós ficamos com o Basil’. E fui para casa”, relembrou.

“Estava ainda a acordar quando ouvi que as forças secretas tinham atacado o hospital. Eles foram mortos enquanto dormiam“, disse.

O funeral das três vítimas aconteceu perto do meio-dia, tendo movido uma procissão pelas ruas de Jenin.