José Paulo Fafe, CEO do Global Media Group (GMG), anunciou esta quarta-feira em comunicado a demissão do cargo de chefia do grupo de imprensa. Esteve quatro meses no cargo.

Numa nota enviada às redações, o agora ex-administrador do grupo diz ter chegado a esta decisão por “considerar estarem esgotadas as condições para exercer essas funções (…), nomeadamente o necessário entendimento entre acionistas, para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita” e que, afirma, é “o único caminho possível para um reposicionamento dos seus principais títulos e marcas”.

O Observador sabe que Fafe, que representava até aqui o World Opportunity Fund, que detém uma participação maioritária na GMG, chegou a acordo para a saída com o empresário e antigo CEO Marco Galinha, que ainda é presidente do Conselho de Administração. Até porque tem sido a Galinha, e não ao WOF, que têm chegado algumas propostas de compra dos meios do grupo.

Na nota de demissão, Fafe, que desde que assumiu a chefia do grupo tem justificado os atrasos nos pagamentos de salários aos funcionários de publicações como o Diário de Notícias, TSF, Jornal de Notícias e O Jogo, teceu uma última consideração sobre o futuro do grupo e do jornalismo que, afirmou, não se defendem com “frases feitas”.

“Constrói-se com projeto, com propósito e fundamentalmente com a coragem que falta aos que, preferindo refugiar-se num passado que lhes esconde as fraquezas, se recusam, muitas vezes por inépcia e incompetência, a fazer o futuro”, pode ler-se.

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Entretanto, continua a crise no grupo de imprensa. Durante a tarde, a Comissão de Trabalhadores da TSF emitiu um comunicado em que disse não ter obtido resposta por parte da comissão executiva quanto ao pagamento de salários referentes ao mês de janeiro, alegando ainda que foram feitas propostas de trabalho a recibos verdes a trabalhadores que não tiveram os seus vínculos contratuais renovados.

Os salários de dezembro, que estiveram em atraso durante mais de um mês, foram pagos em meados de janeiro, mas os trabalhadores não receberam os subsídios de natal. O Diário de Notícias já anunciou um pré-aviso de greve sem tempo determinado a partir de dia 2 de fevereiro, que está a ser discutido com o Sindicato dos Jornalistas.

“A Comissão de Trabalhadores da TSF lamenta, uma vez mais, que um tema tão sensível como este não mereça resposta, tampouco um aviso aos trabalhadores que voltam a entrar num novo mês sem saberem quando vão poder cumprir com as suas responsabilidades financeiras”, pode ler-se.