A acumulação de “seringas e outros materiais descartáveis associados ao consumo de substâncias psicoativas” na zona da Avenida de Ceuta, em Alcântara, Lisboa, está a preocupar as organizações com intervenção no território e vários responsáveis políticos, que assinaram uma carta aberta a exigir a implementação de “medidas de combate” ao fenómeno. Entre os destinatários estão Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, e José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna.

De acordo com os signatários, está a registar-se o aumento de “pessoas em grande sofrimento humano e vulnerabilidade” e o aumento do “número de pessoas em situação de sem abrigo, a pernoitarem em toda a freguesia de Alcântara e Campo de Ourique”. A conjunção dos dois cenários tem potenciado uma “reação social adversa, sendo vários os relatos de residentes sobre o nível de medo e perceção de insegurança sentida na rua e dentro dos prédios e elevadores”.

Entre os subscritores desta carta estão Pedro Costa, presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, e Davide Amado, presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, ambos autarcas do PS. Defendem que a saúde pública está em risco, quer a “dos próprios utilizadores de substâncias psicoativas, como de todas as pessoas que desenvolvem o seu quotidiano nestes espaços”.

O aumento do número de pessoas a realizarem consumo de substâncias psicoativas a céu aberto e em fracas condições de salubridade e assepsia é explicado como “resultado do período pandémico e da crise económico-financeira habitacional vivenciada nos 3 últimos anos e a falta de investimento público e inovativo na área das dependências, temos assistido, tal como tipicamente acontece nestas conjunturas”.

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Face ao exposto, as organizações com intervenção no território da Avenida de Ceuta “sentem que está colocada em causa a sua capacidade de atuação no território”. Assim, propõem medidas de “reforço de meios e verbas, com carácter de urgência, das várias respostas que atuam na problemática do uso de substâncias psicoativas”, bem como a “diversificação e expansão dos programas de consumo vigiado na cidade de Lisboa”.

É ainda assinalada a necessidade de “promoção do acesso a respostas habitacionais individuais, com reforço do financiamento de projetos” e a “implementação de uma resposta de alojamento de emergência/temporária de reduzidas dimensões na zona ocidental da cidade”.

O apelo de reforço da segurança no território “ao nível da prevenção e dissuasão dos fenómenos criminais associados ao tráfico de droga” é dirigido diretamente ao ministério da Administração Interna. E a necessidade da manutenção de edifícios “de forma a prevenir a utilização abusiva dos mesmos e a promover o aumento da segurança da comunidade” é dirigida à Câmara Municipal de Lisboa.

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