A Galp “está muito consciente do valor de iniciar a produção de petróleo na Namíbia o mais cedo possível”. Numa conferência com analistas, o presidente executivo da Galp, Filipe Silva, indicou esta segunda-feira que no final de março a empresa já terá uma visão clara do volume das reservas de petróleo encontradas no primeiro furo feito ao largo da costa do país africano.
Em janeiro, a Galp anunciou ter encontrado uma “coluna significativa de petróleo leve” numa zona mais profunda do primeiro poço feito em águas profundas. A empresa vai realizar no próximo mês um DST (drill-stem test), um teste que permite realizar uma avaliação quantitativa e qualitativa dos hidrocarbonetos detetados numa perfuração. A partir do resultado desse teste, o presidente da Galp sinalizou que “é altamente provável” a realização de mais furos naquele bloco para identificar reservas com potencial de exploração comercial.
Apesar de uma “história forte” recente de transição energética e descarbonização, que tem levado a empresa de energia a desviar investimentos da exploração de gás e petróleo para as energias renováveis na eletricidade, gás e transporte, o presidente da Galp deixou claro que está a fazer tudo para lançar um potencial investimento para a exploração das reservas do bloco na Namíbia, da qual é a maior acionista com 80%.
Em 2024, estão previstos investimentos de 150 milhões de euros neste projeto. A Galp não esclareceu para já se será o operador em cenário de exploração ou se iria entregar essa tarefa a terceiros, mas Filipe Silva diz que nada vai atrasar o processo de confirmação do potencial de reservas encontrado no primeiro furo.
Para além da Namíbia, a Galp tem atividades de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil e em Moçambique e está a realizar pesquisas em São Tomé. A empresa vendeu as operações em Angola e anunciou a suspensão da procura de novos projetos na área dos hidrocarbonetos.
Resultados líquidos da Galp aumentam 13,7% para mil milhões de euros em 2023
As declarações do presidente executivo da Galp foram feitas no mesmo dia em que a Galp apresentou um lucro recorde no ano passado de 1.002 milhões de euros, um crescimento de 14% face a 2022 que não parece ter sido afetado pelo efeito do imposto extraordinário aplicado aos lucros deste setor por iniciativa europeia e, cujo valor pago em Portugal e Espanha, a empresa se recusa a revelar.
Para o reforço dos resultados líquidos contribuiu um menor impacto negativo do reconhecimento de perdas face ao preço de mercado dos produtos derivados, sobretudo no gás natural. Destaque ainda para a forte subida dos resultados nas operações industriais de refinação e venda de gás e comerciais com ênfase para a forte recuperação na venda de combustíveis, sobretudo em Portugal.
Apesar da queda de 3% na produção de petróleo e de 22% no resultado operacional, esta atividade continua a ser aquela que de longe mais contribui para os lucros da Galp. A venda da produção petrolífera em Angola, concretizada há cerca de um ano, também teve impacto nos resultados.