O primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, admitiu, esta segunda-feira, a realização de eleições antecipadas em quatro municípios do país após objeções do partido político sérvio kosovar Lista Sérvia (LS), que boicotou o escrutínio no ano passado.
“Estamos agora num processo legal para a realização de eleições antecipadas, e aguardo com expectativa a realização dessas eleições o mais rapidamente possível”, afirmou num evento em Londres, sem indicar a data.
Kurti antecipa que sejam eleitos quatro presidentes de câmara sérvios no norte do país, mas vincou que “as multidões violentas e as estruturas terroristas não podem chegar ao poder graças à sua violência e às suas tentativas de desestabilização, é necessário um processo legal democrático”.
Em abril de 2023, as eleições locais em Zvecan, Zubin Potok, Leposavic e Mitrovica Norte resultaram numa afluência de 3,4% devido a um boicote em massa dos sérvio kosovares, a maioria da população da região.
No Kosovo, os sérvios constituem uma minoria estimada em 5% da população, mas nestes quatro municípios são a grande maioria, estimada em mais de 95%.
Dois partidos albaneses kosovares proclamaram vitória, mas manifestações da comunidade sérvia acabaram em confrontos violentos com a polícia que deixaram feridos 93 soldados da força de manutenção da paz da NATO.
“É verdade que estes quatro presidentes de câmara do Norte, quatro albaneses, têm uma legitimidade oca devido à fraca participação, mas os outros não têm qualquer legitimidade”, afirmou Kurti durante um evento organizado pelo centro de estudos Chatham House.
A Sérvia não reconhece a independência declarada em 2008 pela sua ex-província do Kosovo, maioritariamente habitada por albaneses, e as tensões entre a minoria sérvia do Kosovo e o Governo kosovar agravaram-se no último ano.