Todos os jogadores têm a sua terra, a sua cidade, o seu país. Andreas Brehme, sendo alemão, apontaria por certo para Itália. Por um um lado, ao serviço do Inter, o lateral fez com Lothar Matthäus e Jurgen Klinsmann uma tripla de luxo quando as equipas só poderiam utilizar três jogadores “estrangeiros”, rivalizando com os neerlandeses Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten do AC Milan. Por outro, foi em territórios transalpinos que jogou pela segunda vez na carreira um Campeonato do Mundo pela Alemanha. Nos dois desafios, ganhou. Ganhou e ficou mesmo para a história por ser o autor do golo decisivo da final do Mundial de 1990 frente à Argentina de Maradona. Morreu esta terça-feira, aos 63 anos.

Nascido em Hamburgo, Brehme começou no HSV Barmbek-Uhlenhorst, onde fez a estreia como sénior, e fez uma primeira grande época no FC Saarbrücken antes de rumar ao Kaiserslautern, onde teve uma primeira passagem de cinco anos antes de sair em 1986 para o poderoso Bayern. Em duas temporadas ganhou uma Liga alemã e uma Supertaça, estando na final da Taça dos Clubes Campeões de 1987 quando jogava ainda como médio que os bávaros perderam frente ao FC Porto com golos de Madjer e Juary.

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Em 1988, o germânico teve a primeira experiência no estrangeiro com os compatriotas Matthäus e Jurgen Klinsmann, conquistando a Serie A e a Supertaça em 1989 antes da primeira vitória europeia da carreira na final da Taça UEFA frente à Roma em 1991 (2-0 em casa, 0-1 fora) depois do triunfo nas meias-finais diante do Sporting de Marinho Peres, que empatou a zero em Alvalade e perdeu por 2-0 no Giuseppe Meazza. Em 1992, Brehme, que entretanto se tinha consolidado como lateral direito ou esquerdo, esteve uma temporada em Espanha ao serviço do Saragoça mas regressou ao Kaiserslautern para as últimas cinco épocas da carreira onde ainda se sagrou campeão da Segunda Divisão em 1997 e da Bundesliga logo no ano seguinte de 1998, juntando ainda a esses triunfos mais uma Taça da Alemanha diante do Karlsruher.

Apesar de todos esses sucessos, foi pela Mannschaft que Andreas Brehme teve os principais momentos de uma carreira marcada pela polivalência em campo. Depois de ter estado no dececionante Europeu de 1984 em que a Alemanha ficou pela fase de grupos, o lateral que jogava então no Kaiserslautern foi titular na final do Mundial de 1986 no México que os germânicos perderam com a Argentina de Diego Armando Maradona por 3-2 mas conseguiu a “vingança” quatro anos depois no Itália-90, marcando de grande penalidade o golo decisivo da final do Olímpico de Roma frente aos sul-americanos. Ainda pela seleção, Brehme terminou o Campeonato da Europa de 1988, organizado pelo país, na terceira posição após perder nas meias-finais com os Países Baixos de Van Basten e companhia e ficou em segundo no Euro-1992, quando a Alemanha foi surpreendida pela sensacional Dinamarca na decisão de Gotemburgo por 2-0.

De acordo com o Bild, Brehme, que ainda teve uma fugaz passagem pelo banco como treinador mas sem grande sucesso, sofreu uma paragem cardíaca na noite desta segunda-feira em Munique, onde residia, e embora tenha sido levado de imediato para a clínica de Ziemssenstrasse, ao pé da sua casa, acabou por não resistir. A notícia da morte foi avançada esta manhã, com vários clubes e federações a recordarem a memória do antigo jogador de 63 anos que esteve na base da grande Mannschaft entre 1984 e 1994.