Ponto final na história de Bobi. O cão natural de Conqueiros, Leiria, que terá vivido 31 anos, segundo o dono, Leonel Costa, já não é oficialmente o mais velho do mundo. O anúncio foi tornado público esta quinta-feira pelo Guinness World Records (GWR), que disse “não dispor das provas necessárias para apoiar a reivindicação de Bobi como detentor do recorde”.
A decisão de retirar o título ao rafeiro do Alentejo, que morreu a 21 de outubro de 2023, surge na sequência de uma revisão ao recorde, motivada pelas “preocupações levantadas por veterinários e outros especialistas, tanto a nível privado como em comentários públicos, e das conclusões de investigações conduzidas por alguns meios de comunicação social”, que questionaram a veracidade da idade de Bobi.
“Naturalmente, exigimos provas para todos os títulos do Guinness World Records que monitorizamos, muitas vezes um mínimo de dois depoimentos de testemunhas e especialistas no assunto, juntamente com fotografias, vídeos e, se for caso disso, também avaliaremos os dados fornecidos pela tecnologia relevante para a conquista“, começou por esclarecer o Diretor de Recordes do Guinnesss, Mark McKinley, no comunicado publicado. “Podem ser dados de GPS para um recorde de viagem, dados de cronometragem para um recorde de velocidade ou, quando disponíveis, dados de microchip para provar a idade de um animal de estimação.”
Como tal, para reavaliar a idade do cão, cujo título foi atribuído em 2023, o Guinness recorreu à base de dados do Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC). No entanto, “ao que parece, quando [Bobi] foi chipado em 2022, [o SIAC] não exigia prova de idade para cães nascidos antes de 2008“, esclareceu o diretor.
“Com a declaração veterinária adicional fornecida como prova da idade do Bobi, que também cita estes dados do microchip, ficamos sem provas conclusivas que possam provar definitivamente a data de nascimento do Bobi”, acrescentou.
Desta forma, o diretor anunciou que, “sem qualquer prova conclusiva disponível neste momento”, o Guinness não pode “simplesmente manter o Bobi como detentor do recorde e afirmar honestamente” que mantém “os elevados padrões” que estabelece.
Contudo, a instituição não descartou a possibilidade de Bobi voltar a ser o cão mais velho do mundo. “Claro que, tal como em qualquer recorde, teremos todo o prazer em avaliar quaisquer novas provas, caso as recebamos.”
O Guinness informou ainda que alertou o dono do cão sobre a decisão, não tendo avançado com mais detalhes. O Observador tentou contactar Leonel Costa, que não respondeu até à data da publicação da notícia.
As primeiras interrogações levantadas sobre a veracidade da idade de Bobi aconteceram após a sua morte e basearam-se numa fotografia de 1999, em que o cão aparece com as patas brancas, algo que contrasta com os seus registos fotográficos recentes.
Para o dono de Bobi, “nada foi por acaso”. “Tudo teve um único propósito, que se chama ‘negócios das alimentações processadas para animais’”, garantiu num comunicado a que o Observador teve acesso, em meados de janeiro, quando quebrou o silêncio.
No documento, Leonel Costa atacou a “elite do mundo veterinário”, que, acusou, “tentou passar a ideia de que a história de vida de Bobi não era verídica”, a começar pela sua idade, explorando um pormenor que terá contribuído para a sua alegada longevidade.
“Bobi teve uma longa vida a comer alimentação natural, bem como a receber vacinas apenas essenciais e um estilo de vida que proporcionou a sua longevidade”, disse ainda. “O Bobi, assim como outros animais deste mundo, prova que comer rações não é sinal de maior qualidade de vida.”