O líder do CDS-PP Madeira, Rui Barreto, confirmou o fim da coligação com o PSD na região, uma decisão que lhe foi transmitida por Miguel Albuquerque, presidente demissionário do governo regional, e que classifica como uma “rescisão sem justa causa”. “Discordo, [mas] não guardo nem ódios, nem ressentimentos”, afirma.
Em declarações ao Observador, Rui Barreto explica que Miguel Albuquerque o informou há pouco mais de uma semana que pretendia avançar sozinho caso o Presidente da República tome a decisão de marcar eleições regionais antecipadas, na sequência da crise política provocada pelo processo judicial em que são investigadas suspeitas de corrupção. Com a rotura da coligação, firmada em 2019, o líder do CDS Madeira afirma que “os partidos têm toda a legitimidade de tomarem as suas decisões” e lembra um “governo estável, competente e com resultados”, que “decorreu durante quatro anos com um grande espírito de coesão e de estabilidade política, com grande responsabilidade, com grande competência”.
Destacando “níveis de crescimento económico absolutamente notáveis no pós-pandemia, 14,2% de 2021 para 2022 e 10% de 2022 para 2023, com praticamente pleno emprego, com uma redução progressiva dos impostos, com um bom ambiente de negócios e para investimento”, Rui Barreto diz que “não há nenhuma razão objetiva para terminar” a coligação. “Nunca houve instabilidade no quadro do governo provocada pelo CDS. O CDS foi um esteio da estabilidade, da responsabilidade e da moderação, por isso é que eu digo que é uma rescisão sem justa causa. Efetivamente, nem sequer os últimos acontecimentos [que levaram à demissão de Albuquerque] têm que ver com razões do quadro do CDS”, justifica.
Questionado sobre a justificação que lhe foi apresentada para a decisão de os dois partidos concorrem separados a eventuais próximas eleições, Rui Barreto remeteu a resposta para o PSD Madeira: “Essa é uma questão que deve ser colocada ao PSD Madeira. Enfim, sabíamos no dia em que firmámos o acordo que um dia ia terminar, nada fazia prever que fosse de uma forma tão intempestiva”. Contactada pelo Observador, fonte do PSD Madeira não se mostrou disponível para prestar esclarecimentos e remeteu eventuais respostas para depois de 10 de março, data das eleições legislativas.
Como Rui Barreto confirmou que não se vai recandidatar à presidência do CDS Madeira, o CDS terá de dar continuidade ao seu legado, que conta com “50 anos de experiência de eleições”, com “novos protagonistas”, uma “nova estratégia” e já sem contar com o PSD Madeira.
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Fim da coligação na Madeira belisca relações no Continente? “De modo algum”
O fim da coligação na Madeira não tem implicações na relação entre PSD e CDS no continente, nomeadamente na AD (junção dos dois partidos com o PPM). A opinião é de Rui Barreto, que acredita que a rotura “não vai beliscar absolutamente nada” o acordo nacional. “É o mesmo país, mas são realidades diferentes. A realidade da Madeira não é a mesma realidade da região autónoma dos Açores e também da realidade realidade continental. Julgo que isto não vai derrubar em absoluto a coligação e a Aliança Democrática que os nossos partidos firmaram a nível nacional”, defende.
Em conversa telefónica com o Observador, Rui Barreto recorda que PSD e CDS estarão “coligados nas próximas eleições nacionais de 10 de março, mas também, como se sabe, nas próximas eleições europeias de 9 de junho”. “É assim que acontecerá”, garante.