À semelhança do que já tinha acontecido antes num evento com as participações de Jorge Costa, Maniche e Nuno Valente, André Villas-Boas voltou a organizar este sábado mais uma ronda de “Conversas à Moda do Porto”, espaço na sua sede de candidatura que desta vez tinha como grande (ou único) tema os clássicos com o Benfica mas em modalidades diferentes com Rolando (futebol), Alberto Babo (basquetebol), Paulo Alves (hóquei em patins), Ricardo Moreira (andebol) e José Meinedo (natação). E espaço para partilhar também boas recordações, tendo em conta que o ex-treinador agora candidato ganhou uma Supertaça, conseguiu uma goleada e fez a festa no reduto do rival contra os encarnados na temporada de 2010/11.

“Apoio o André para ter o meu FC Porto de volta”: Villas-Boas recebe Jorge Costa, Maniche e Nuno Valente na sede

“O que foi demonstrado aqui é um sentido de exigência e um grande espírito de motivação que nasce dentro de nós relativamente a este rival. Todas os grandes clubes precisam de um grande rival, o Benfica é o nosso grande rival, tal como o Barcelona é o grande rival do Real Madrid, tal como o Marselha é o grande rival do PSG e por aí fora. Este rival motiva-nos e temos uma obrigação de nos transcendermos para conseguir ambicionar tudo aquilo que queremos. De certa forma, também agradecemos ter este grande rival que nos motiva a transcendermos e a procurar a vitória sempre.  Nós aqui repassamos o passado. Tantas e boas conquistas de azul e branco. Muitas conquistadas por estes senhores, títulos nacionais e internacionais, com grande amor ao FC Porto. Falta aqui uma parte que é a vivência dos sócios e por isso vou contar das minhas histórias de sócio, umas mais dignas, outras mais indignas”, apontou Villas-Boas durante o evento.

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“Uma das minhas grandes indignações foi uma vez nas Antas quando, ao intervalo, havia aquele espetáculo de rematar às balizas. Tinha que se rematar à baliza do centro do meio-campo para um painel que estava desenhado. Aparece um adepto vestido à Benfica. Foi a primeira e a última vez que isso aconteceu. Dei-lhe talvez o maior arranque da minha vida por ter aparecido de camisola vermelha num jogo que não tinha nada a ver com um FC Porto-Benfica. Depois tive a felicidade de me sentar nos 5-0, na Luz, com o António Oliveira. Nessa altura preparava-me para ser treinador. Estudava equipas por esse país fora e ver na Luz a Supertaça com o António Oliveira foi um momento que me motivou na minha carreira e que me levou a exigir, naquele ano de 2011, o 6-0. Porque eu tinha vivido o 5-0 e queria muito o recorde para mim e dizia aos jogadores, quando o Hulk marcou o último golo, para continuarem a insistir”, recordou.

“Essas são as vantagens e desvantagens do sócio, adepto e treinador do FC Porto, que muitos de nós sofremos na pele. Que trazem muitas responsabilidades e que nos fazem pagar um preço muito elevado, às nossas famílias, aos nossos amigos, por viver esse sentimento de forma excessiva. Principalmente, quando o vivemos enquanto sócio, enquanto jogador – e eu não, não dava dois toques na bola seguidos – mas depois como treinador. É com sentido de grande responsabilidade e que nos leva à transcendência, motivo pelo qual eu quero assumir essa responsabilidade enquanto presidente e poder sempre corresponder às vossas expectativas”, acrescentou perante os mais de 100 sócios e adeptos presentes na sede de campanha.

Depois desse momento, André Villas-Boas olhou também para as mulheres e para falta de investimento nas equipas femininas (sendo que à tarde voltaria a estar presente no jogo do voleibol, tal como Pinto da Costa, em que as azuis e brancas, campeãs em título, reforçaram o primeiro lugar). “A Aurora Cunha e a Teresa Figueiras tiveram compromissos e não puderam estar presentes mas isso não deixa de refletir aqui um painel de cinco homens. Faltam mulheres porque faltam as modalidades femininas ao nosso clube. É uma constatação muito infeliz, estamos com muitos anos de atraso e poderão levar alguns anos até nos reconstruirmos como um clube eclético que deveremos ser e que possa ser representado nas vertentes masculinas e femininas como deve ser. Esta é também uma responsabilidade minha, uma responsabilidade nossa. O futebol feminino é uma obrigação, o lançamento do futsal é o compromisso que gostaria de assumir com os sócios, mas a falta de modalidades femininas é uma realidade que tem que ser combatida e esperemos que a médio prazo consigamos construir infraestruturas que as suportem como deve ser”, começou por dizer.

“O FC Porto é dos sócios, não é um quintal de ninguém”, aponta Villas-Boas, entre críticas e respostas a Pinto da Costa

“A segunda constatação é a importância da formação, por si e no projeto financeiro do FC Porto. Primeiro no sentido de pertença, o miúdo que vem dos escalões mais baixos, que atinge os seniores e que sabe o que é representar o FC Porto. Isso é uma vantagem competitiva e temos que ir à procura dela em todos os escalões. As infraestruturas estão esgotadas. O FC Porto tem que lançar as suas próprias infraestruturas o mais rápido possível, isso é uma obrigação. No caso da Academia que espero apresentar-vos em breve, tem incluído um pavilhão para as modalidades porque é uma obrigação. Estas infraestruturas a norte são absolutamente necessárias para continuarmos a desenvolver a formação, para que possamos ter mais miúdos da formação, que irão sustentar um projeto financeiro do clube a longo prazo. E também porque têm esse sentido de pertença como ninguém”, concluiu Villas-Boas este sábado, citado pelo jornal O Jogo.