No ano em que procurava, desejava e necessitava de maior estabilidade na carreira para poder mostrar aos 24 anos que não é um mero talento adiado, depois de uma temporada entre Atl. Madrid e Chelsea que voltou a falhar esse objetivo, 2023/24 tornou-se novamente um carrossel de altos e baixos para João Félix. Que começou no banco dos colchoneros a ser insultado pela claque que nunca perdoou uma entrevista em que admitiu o sonho de jogar pelo Barcelona, que teve depois um grande início na Catalunha com golos e assistências a criar a era dos “Joões” com Cancelo, que agora está numa fase de maior inconsistência entre a titularidade e o banco sem grande influência no rendimento coletivo da equipa de Xavi Hernández. Agora, e depois de um encontro na primeira volta em que marcou o único golo no Montjuïc que deu a vitória aos culé diante da equipa com a qual tem contrato, o português regressava pela primeira vez ao Metropolitano.

João nunca foi tão Feliz como em Barcelona e o Atlético pagou por isso: português decide jogo grande da La Liga

“É claro para mim que vai ser um ambiente muito difícil para toda a equipa. Contra mim, vai ser um pouco pior mas sou um jogador de futebol e tenho de me habituar a isso. Isso motiva-me ainda mais, gosto destes jogos importantes e picantes, há uma motivação extra. Para já, estou concentrado aqui e não estou a pensar mais além, porque tudo depende de como correr até ao fim”, comentara João Félix durante a semana, numa ideia que os próprios antigos companheiros em Madrid. “Ele é um bom rapaz mas é impossível saber como será. As pessoas têm sentimentos e espero que não tenha um bom dia ao nível futebolístico. É um grande jogador. Tenho a certeza de que o tratam com respeito, ele ainda pertence ao clube e no futuro não sabemos o que vai acontecer. Que não tenha um bom dia com a bola, apenas isso”, admitira Morata.

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Também entre os treinadores, a ideia passava por “normalizar” aquilo que nunca seria normal por todas as circunstâncias em torno do jogo. “Respeito muito os jogadores das outras equipas, normalmente não dou a minha opinião sobre nenhum deles e isto não será exceção. Estamos a pensar em recuperar os nossos jogadores depois do esforço num jogo bonito e, a partir desse esforço, esperamos fazer um grande jogo”, referiu Diego Simeone. “Vejo-o tranquilo e motivado, extra motivado. Fez um grande jogo na primeira volta e espero que possa repetir. É um jogo feito à medida para os grandes jogadores, para mostrar personalidade. Espero que seja importante. Temos de mostrar o nosso melhor lado e o João também. Eu gostava de ambientes hostis. O João tem um caráter forte e vontade de mostrar o seu talento. Ele tem todas as características para fazer um bom jogo, em que precisamos de personalidade”, salientou Xavi Hernández.

Embora com pontuações diferentes na Liga, com o Barcelona em terceiro com 61 pontos e o Atl. Madrid em quinto com 55, ambos longe do líder Real Madrid (72), existia o ponto comum das passagens na segunda mão dos oitavos da Liga dos Campeões entre o triunfo dos catalães na receção ao Nápoles e a vitória nas grandes penalidades dos colchoneros em casa com o Inter. No Campeonato, as derradeiras jornadas seriam apenas chegar ao lugar mais alto dentro do acesso à Liga dos Campeões mas o regresso de João Félix ao Metropolitano trazia um condimento extra ao encontro grande da jornada que não contaria com o outro português, João Cancelo, que saiu das opções de Xavi por lesão e será baixa na Seleção Nacional.

No final, e à semelhança do que aconteceu na primeira volta, foi João Félix que assumiu o protagonismo do encontro. Lançado como opção inicial, o avançado português inaugurou o marcador no regresso aos golos pelos catalães (37′), foi uma das principais figuras do Barça que perdeu por expulsão Xavi Hernández ainda na primeira parte e estendeu a passadeira para um autêntico passeio em casa do rival Atlético, com um triunfo por 3-0 selado no segundo tempo por Lewandowski (46′) e Fermín López (64′).

Antes da partida, a placa com o nome de João Félix no Metroplitano tinha sido o local para alguns adeptos do Atl. Madrid queimarem a camisola do português e cuspirem, num momento captado pelas televisões do país. No final, Xavi Hernández elogiou a exibição do avançado, falou do “melhor jogo” de Lewandowski desde que chegou ao Barcelona com um golo e duas assistências e não esqueceu também o lesionado João Cancelo. “É um rapaz muito sensível, tem um coração enorme. Ficou muito chateado por não poder ajudar a equipa e a vitória é dedicada a ele e a todos os jogadores que não puderam hoje ajudar”, destacou o técnico.