As contas de 2021 e 2022 da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) foram aprovadas depois de uma auditoria que levou a correções nos números apresentados pela anterior administração. Os relatórios e contas já foram publicados no site da instituição após a homologação da ministra do Trabalho e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, que acontece a poucos dias da mudança de Governo. As contas de 2021 e 2022 apresentadas pela gestão liderada por Edmundo Martinho estavam por aprovar devido a dúvidas suscitadas sobre a real exposição da Santa Casa a perdas nas operações de internacionalização.
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De acordo com o relatório de 2022 corrigido, o resultado líquido positivo de 10,9 milhões de euros passou para um prejuízo de 12,4 milhões de euros. O ativo caiu 95,6 milhões de euros para 739,8 milhões de euros. O ativo recuou 84 milhões de euros para 659 milhões de euros e o passivo foi reduzido de 92 milhões para 80,7 milhões de euros. Quanto aos resultados de 2021, os ajustamentos resultaram numa quase duplicação de prejuízos de 19,7 milhões de euros para 39,8 milhões de euros.
As contas de 2021 e 2022 foram corrigidas para refletir os ajustamentos negativos feito nas participações financeiras associadas à atividade internacional da Santa Casa que foi alvo de uma auditoria forense cujos resultados estão quase a ser finalizados. O valor líquido das participações financeiras em 2022 foi reduzido em 37,7 milhões de euros com as respetivas contrapartidas refletidas nos resultados. Considerando que a auditoria forense ainda não está concluída, a administração de Ana Jorge admite que podem ainda surgir responsabilidades potenciais de ações judiciais que podem ser colocadas na sequência dos investimentos internacionais,
Outras correções que afetaram negativamente o balanço da instituição nesses anos dizem respeito à valorização ao justo do valor dos imóveis para rendimento. Verificou-se uma “diminuição significativa de 57,9 milhões de euros no valor das propriedades de investimento arrendadas, o que implicou um efeito negativo de igual valor no capital próprio repartido entre o ano de 2022 (13,4 milhões de euros) e anos anteriores (44,5 milhões de euros).
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Na origem desta correção, já noticiada pelo Observador, esteve a adoção de critérios de valorização que, desvalorizando os rendimentos dos contratos em vigor, passaram por cima da reduzida viabilidade da denúncia generalizada dos compromissos em vigor para obter a curto prazo rendimentos potenciais muito mais elevados com novos contratos de arrendamento, “antecipando benefícios futuros de ocorrência muito incerta”.
Para além das auditorias realizadas às contas deixadas pela anterior administração, foi ainda apresentada uma queixa crime contra desconhecidos em setembro passado e pedida uma auditoria ao Tribunal de Contas em outubro.