Acenou ao público, cumprimentou toda a família incluindo os filhos Alice e Pedro que fizeram a estreia em conjunto no Autódromo Internacional do Algarve, esteve alguns momentos com membros da equipa nas boxes, voltou depois para retribuir dentro do possível todo o apoio que estava a receber da principal bancada em Portimão com a passagem para o outro lado do muro e o arremesso das luvas com que terminou o Grande Prémio de Portugal na nona posição, abaixo da vitória de 2020 e da quinta posição de 2022 mas acima do 16.º posto após queda de 2021 e na desistência do ano passado. E se o lugar com que acabou a segunda prova da temporada poderá ser um misto entre a melhoria em relação ao Qatar e o desvio de trajetória que fez com que perdesse três posições no final da corrida, o apoio que sentiu não deixou margem para dúvidas.
“Faço o Campeonato do Mundo há já 13 ou 14 anos e o único apoio que vi assim do público a um piloto foi com o Valentino Rossi. Não tenho palavras para descrever. Foi um fim de semana simplesmente de sonho nesse sentido, apesar do resultado sei que o apoio é incondicional e estou de coração cheio por isso”, apontou o piloto português depois da prova, na zona de entrevistas rápidas da SportTV.
“Quando estava em nono, quando o [Marco] Bezzecchi me ultrapassa, obriga-me a alargar muito a trajetória e quando entrei para a pista já tinha perdido as três posições. Ainda assim, guiei a mota mais estável do fim de semana e, por isso, há sinal de melhoria. Estou ligeiramente mais contente. O bom resultado ia depender muito da qualificação, da maneira como íamos gerir as expectativas. Assim, sabia que lutar por um lugar no top 10 era o ideal. Havia dois resultados possíveis: sem quedas era um nono lugar, tal como sem quedas, mas sem aquele incidente teria ficado na sexta posição. Não é um resultado negativo mas temos de construir a nossa confiança daqui para a frente”, apontou ainda Miguel Oliveira após somar mais sete pontos.
“Gostava simplesmente de poder demonstrar um bocadinho mais mas tenho tido muitos contratempos com a moto, de não acertar com o setting. A equipa está a ter algumas dificuldades com isso. Não chega ter apenas uma Aprilia à frente e isso está a custar um bocadinho a entender. A equipa tem de fazer um trabalho grande para me poder dar as ferramentas que preciso”, acrescentou ainda o piloto de Almada, que regressa agora às pistas a meio de abril para o Grande Prémio das Américas onde foi quinto em 2023, antes de fazer uma confidência sobre o técnico José Mourinho, que esteve no Algarve: “Ele vê e gosta do MotoGP. Confessou-me que isto é melhor do que a Fórmula 1. Foi muito bom ouvi-lo dizer isso!”.
“No final de contas, somámos pontos e isso é positivo. Claro que queríamos e esperávamos mais. Mas posso tirar coisas positivas deste fim de semana. Na corrida o Miguel [Oliveira] teve as suas melhores sensações do fim de semana, mas infelizmente começar daquela posição complicou tudo. O fim de semana em Portugal era importante para o Miguel, não fomos capazes de atingir aquilo que queríamos mas vamos continuar a tentar. É um campeonato longo e, se continuarmos a trabalhar assim, vamos conseguir encontrar uma forma de ambos estarem confortáveis com a moto. Mas sabemos que temos de trabalhar”, resumiu também Davide Brivio, italiano que é o novo diretor desportivo da Trackhouse Racing.