Sabia-se, já desde 2019, que o Audi R8 tinha os dias contados e a hora da despedida chegou agora com a saída da última unidade da linha de produção Böllinger Höfe, em Heilbronn, na Alemanha.
O último exemplar do coupé alemão não conseguirá passar despercebido, seja pelo facto de se apresentar num vistoso amarelo “Vegas”, seja por reforçar o seu carácter desportivo com um pack exterior em fibra de carbono ou, simplesmente, por entoar a melodia do V10 a gasolina de origem Lamborghini, montado em posição central e a passar às quatro rodas uma potência máxima de 620 cv às 8000 rpm e 580 Nm de binário às 6600 rpm.
Capaz de alcançar uma velocidade máxima de 331 km/h, depois de ultrapassar a barreira dos 100 km/h ao fim de apenas 3,1 segundos, o R8 foi condenado não pela performance, nem pelo consumo (os 12,9l/100 km em ciclo misto WLTP não são um contra para quem desembolsa à volta de 200.000€), mas sim pelas emissões (293g de CO2/km), pelo facto de a marca estar apontada à plena electrificação da sua gama e, sobretudo, porque as vendas do R8 há já algum tempo que faziam prever o último suspiro.
A primeira geração do dois lugares alemão foi introduzida em 2007 e no ano seguinte registou a entrega de 5016 unidades, proeza que não mais se voltou a repetir, com as vendas anuais a caírem gradualmente desde então. Curiosamente, com a aproximação da descontinuação da produção do R8, a procura recuperou em parte o fôlego. Em 2023, as vendas subiram para 1591 unidades, o que representou uma subida de 49% face aos números de 2022.
Em 2024, três meses depois do que era previsto, o R8 sai de cena. Definitivamente, como uma proposta animada com um motor de combustão, ficando a dúvida se a designação terá nova vida com alma eléctrica. Essa porta ficou como que entreaberta depois do director-geral da Audi Sport, Sebastian Grams ter reconhecido sentir uma certa “pontada de arrependimento” com o fim do R8. Porém, como o próprio sublinhou, a Audi Sport cresceu porque nunca parou de evoluir. “Mais do que nunca, a ênfase no futuro estará na criação de modelos de elevado desempenho, através da fusão de hardware e software, bem como de experiências analógicas e digitais”, defende. Por outras palavras, se o R8 regressar será a bateria e tirando partido, através da Porsche, da tecnologia desenvolvida pelos croatas da Rimac que agora controlam a Bugatti.