A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) defendeu esta segunda-feira que o novo ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, é a favor de uma política que tem sido “bastante negativa” para o setor.

“O que nos importa são as políticas concretas que vão ser realizadas, e não as caras, embora saibamos que, neste caso em concreto, se trata de alguém que votou a favor desta Política Agrícola Comum [PAC], que motivou s protestos dos agricultores nos últimos meses”, afirmou o dirigente da CNA Vítor Rodrigues, em declarações à Lusa.

Para a CNA, a nova PAC tem sido “bastante negativa” para os agricultores e para os produtores florestais, sendo agora importante saber se o Governo e, em particular, o ministério estão disponíveis para inverter este rumo.

A confederação considera ser fundamental existir preços justos à produção, a reversão dos cortes nos subsídios para as áreas baldias, a concretização do Estatuto da Agricultura Familiar, a efetivação das indemnizações por prejuízos causados por animais selvagens e a concretização da devolução da Casa do Douro.

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Por outro lado, a CNA quer ver reintegradas as florestas e o desenvolvimento rural no Ministério da Agricultura, bem como o regresso das competências às direções regionais de agricultura e pesca, que transitaram para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).

“Estas são as nossas grandes prioridades para este ministro ou para qualquer outro. A questão aqui é sabermos se do lado de lá há disponibilidade para ir ao encontro de novas negociações”, vincou o dirigente da CNA.

Vítor Rodrigues disse ainda que a CNA mantém a expectativa de que as relações institucionais com o Governo sejam boas, reiterando ser importante que as exigências dos agricultores sejam convertidas em medidas concretas por parte do executivo.

Questionada sobre se o facto de José Manuel Fernandes ter sido eleito como um dos eurodeputados mais influentes poderá ser importante para conseguir dar resposta às reclamações do setor, a CNA sublinhou não partilhar da distinção atribuída, nomeadamente no que se refere às áreas da agricultura.

Contudo, notou preferir “um ministro fora do setor que aplique políticas concretas, do que um ministro do setor que esteja de acordo com as coisas tal como elas estão”.

José Manuel Fernandes, tido como um dos eurodeputados mais influentes do Parlamento Europeu, foi a escolha de Luís Montenegro para assumir o Ministério da Agricultura e Pesca, tendo entre as suas bandeiras o combate às alterações climáticas e a luta contra a perda da biodiversidade.

Natural de Vila Verde, Braga, o novo ministro da Agricultura, que nasceu em 1967, é licenciado em Engenharia de Sistemas e Informática pela Universidade do Minho.