Parece mentira mas é mesmo verdade. O dia 1 de abril, por ser a entrada no mês em que se vão realizar as eleições do FC Porto, deu quase um tiro de partida para uma reta final de campanha que irá ser pródiga em notícias, acusações e desenvolvimentos de projetos. A isso acrescentam-se ainda os apoios, com a entrada em cena de uma bipolaridade (apesar de ser um sufrágio a três) que quase obriga a escolher um dos dois lados da barricada. Passar ao lado da questão eleitoral ou simplesmente não manifestar de forma expressa um apoio parece tornar-se quase “proibido”, o que faz com que, nesta fase, se vá fazendo uma espécie de contagem de espingardas para a “guerra” de 27 de abril. Neste particular, Pinto da Costa ganhou mais uma “arma”.
José Fernando Rio, jurista e comentador que foi candidato em 2020 contra o atual líder e que conseguiu um total de 26,44% dos votos (mais 15% no Conselho Superior, que por ter uma lista independente acabou por espalhar um pouco mais o sentido dos associados), assumiu esta terça-feira o apoio ao presidente dos dragões, deixando de lado as críticas que foi fazendo a um modelo da SAD que considerava estar “esgotado” e à ideia de “dívida de gratidão” por tudo o que Pinto da Costa tinha feito nas quatro décadas anteriores. “Os últimos quatro anos desta Direção não correram da melhor forma, arrastaram o clube para uma situação bastante problemática e é preciso surgir alguém com ideias novas, sangue novo, para levar a cabo uma reestruturação total do que se passa no clube e dentro da SAD do futebol”, destacava no último sufrágio.
“Há quatro anos candidatei-me a presidente do FC Porto porque achava que o nosso clube precisava de um novo rumo, de novas ideias e de uma nova equipa. Era urgente mostrar a todos que no nosso clube havia quem pensasse de maneira diferente, havia quem tivesse outras ideias e, acima de tudo, que era possível fazer e agir de forma diferente, percorrendo outros caminhos! O mérito do projeto apresentado pela minha candidatura foi não só validado pelos bons resultados eleitorais, como pelo facto de hoje todos prometerem basicamente o mesmo que propusemos em 2020″, começou por dizer num nota no Facebook.
“Passados quatro anos, todos percebem a importância de se terem contas saudáveis e equilibradas; todos sabem que quanto mais robusta for a saúde financeira, mais forte e competitiva será a nossa equipa principal; todos se preocupam com a reorganização da estrutura do futebol, da formação à equipa principal, passando pelo scouting; todos prometem mais modalidades, nomeadamente o futebol feminino (que já está em andamento) e o futsal; todos querem reforçar e valorizar a ligação aos sócios; todos se propõem a retirar maiores proveitos do estádio, seja em dias de jogo, seja na reconfiguração de algumas das suas áreas; todos prometem uma gestão mais transparente e mais rigorosa; todos prometem ser mais eficazes no aumento das receitas e na diminuição das despesas; todos prometem cortes nos salários da SAD e até já há quem prometa acabar de vez com os prémios!”, enunciou, antes de especificar as razões para o apoio.
“O principal objetivo da minha candidatura, sempre construtiva e sempre com a união do clube como foco, foi cumprido: o clube percebeu as suas fragilidades, também as suas forças e traçou um plano de mudança. De forma lenta, é verdade, mas nos últimos quatro anos a palavra mudança passou para plano principal. Hoje, está assegurado um novo rumo para o nosso clube, está assegurada a implementação de novas ideias e de novas políticas, está assegurado um novo modelo de gestão e está assegurada a regeneração das equipas dirigentes, sem a qual o resto não era possível. Por saber que este caminho está traçado, decidi não apresentar a minha recandidatura à presidência do FC Porto. Quem participou neste projecto e quem nele votou só pode estar disso orgulhoso: foi graças ao aparecimento da candidatura, ao conteúdo das propostas e à sua validação eleitoral que hoje assistimos a esta autêntica revolução que beneficia o nosso clube. O FC Porto vai mudar e nós contribuímos, de forma decisiva, para isso!”, destacou.
[Ouça aqui a entrevista de José Fernando Rio ao programa Nem tudo o que vai à rede é bola da Rádio Observador em outubro de 2023]
“Assim, sinto que tenho a responsabilidade e a obrigação de intervir neste processo eleitoral. Pinto da Costa pede um último mandato para corrigir e completar o trabalho que se propôs fazer em nome do FC Porto: renovar a equipa dirigente, alcançar a sustentabilidade financeira, fortalecer a competitividade da equipa de futebol, terminar a Academia. No fundo, o que pretende é entregar às novas gerações um clube melhor, mais forte e mais preparado para enfrentar os desafios do futuro e para continuar a vencer como sempre venceu nos seus mandatos. O programa apresentado e a renovação que está a levar a cabo nas equipas apresentadas demonstram de forma inequívoca a determinação e a seriedade do seu compromisso.
Por isso, Jorge Nuno Pinto da Costa terá o meu voto. Nós, os sócios do FC Porto, devemos uma última oportunidade a quem tudo nos deu e permitir que saia pela porta grande e pelo seu próprio pé”, concluiu.