Em Janeiro a Ford comercializou apenas cerca de 1300 unidades do Mustang Mach-E no mercado norte-americano, o que deixou o construtor à beira de um ataque de nervos. Daí que, em Fevereiro, a marca gerida pelo CEO Jim Farley tenha aumentado a agressividade comercial com um corte de 8100 dólares (7500€) no preço do SUV eléctrico. E a reacção não se fez esperar, com as vendas a aumentarem 64% em resposta ao corte no preço, no que foi um teste da marca da oval azul para ver até que ponto a (fraca) procura do Mach-E se tem ficado a dever à qualidade do modelo ou ao valor elevado por que é proposto.



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O desempenho comercial do Mustang Mach-E colocou a fábrica da Ford no México, de onde sai o SUV a bateria, em má situação, uma vez que as vendas caíram 20% na primeira metade de 2023. E se as vendas não aparecem, os construtores baixam o preço ou perdem dinheiro ao reduzir o ritmo de produção – o que é mau para o negócio, pois encarece o custo unitário, levando a perdas ainda maiores. Em alternativa, podem manter a produção sem vendas, fazendo disparar o stock, o que pode ser considerado ainda pior financeiramente.

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Depois da redução dos 8100 dólares, o Mustang Mach-E evoluiu das 300 unidades vendidas por semana para mais de 1000, chegando mesmo a atingir 1800 unidades/semana em Março. Apenas um mês depois do corte no preço, o share do SUV eléctrico saltou de 5% para mais de 13%, provando que o mercado reage positivamente ao preço, com os analistas a aplaudir a decisão.

Mustang Mach-E é um bom eléctrico. Mas poderá bater a concorrência?

Mas este reforço de competitividade teve como consequência acelerar os prejuízos da divisão de Veículos Eléctricos da Ford que, ainda antes dos cortes, em 2023, registou perdas de 4,7 mil milhões de dólares. A administração concluiu que tal se deveu aos preços muito competitivos, mas a realidade é que os valores praticados no Mustang eram muito elevados no ano transacto, sendo contudo substancialmente mais interessantes na pick-up eléctrica F-150 Lightning. Esta conclusão levou os responsáveis pela Ford a continuar o movimento destinado ao lançamento de modelos eléctricos mais baratos, como o recente Ford Explorer, que recorre à plataforma MEB da Volkswagen. Esta situação vem ainda provar que não faz descontos quem quer ou quem necessita de vender mais, mas sim quem pode. Ou seja, quem tem margens para realizar esta agressiva manobra comercial, destinada a aumentar as vendas, mas sem conduzir a exercícios ruinosos.