Jogou bem, esteve solto, perdeu frente ao espanhol Bernabé Zapata Miralles. Henrique Rocha não teve uma estreia no Estoril Open daquelas que ficam para a história mas deixou no ano passado aquela sensação nas bancadas de que iria voltar para algo mais. E era nesse ponto que chegava como wild card à edição de 2024, apresentado de uma forma que parecia indiciar esse algo mais: “A nova sensação do ténis português regressa ao quadro principal, desta vez com um wild card depois do brilharete em Múrcia, onde, com apenas 19 anos, se tornou no segundo português mais novo de sempre a vencer um torneio challenger e no 15.º a chegar ao top 200 – feito que celebrará na segunda-feira”. Se dúvidas existissem, estava “apresentado”.

O sonho tornou-se realidade, a realidade não passou de um sonho: Henrique Rocha, o português mais novo no Estoril, cai na primeira ronda

O jovem português de 19 anos do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis atravessava uma fase particularmente feliz, não só com esse triunfo no challenger 75 de Múrcia frente ao antigo top 20 Nikoloz Basilashvili por 3-6, 7-6(0) e 7-5 mas também com a subida de 51 lugares no ranking ATP que lhe permitiu entrar pela primeira vez no top 200 do circuito. Mais: com essa ascensão ao 197.º posto, Henrique Rocha tornava-se o segundo melhor português da atualidade só atrás de Nuno Borges, tendo em conta a descida de Gonçalo Oliveira para 238.º e a passagem de Jaime Faria para 262.º. Ainda assim, era apenas no Estoril Open que o jogador centrava atenções e numa partida “de sonho” na primeira ronda.

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“O Gaël [Monfils] é um grande jogador e um ídolo para mim, cresci a vê-lo jogar na televisão e vai ser um jogo muito difícil. É um grande jogador mas do meu lado estou muito motivado e confiante. Espero que corra muito bem, vou fazer o meu melhor. Espero uma grande batalha e um grande espetáculo. Acho que o meu nível de ténis está a evoluir e está muito melhor do que estava há um ano e há uns meses atrás. Tenho de continuar este processo, que é um processo longo e de melhoria. Sei que tenho muitas armas para conseguir abalar o Gaël, sei que posso ganhar”, tinha comentado o jovem do Porto na antecâmara do jogo com o francês de 37 anos que chegou a ser número seis do mundo entre outros feitos como a chegada às meias-finais de Roland Garros em 2008 e do US Open em 2016 (e de ser um dos tenistas mais acarinhados de todo o circuito, pela simpatia e boa disposição que faz questão de deixar por onde quer que passe).

“Nervos? Sim, um bocadinho nervoso mas já joguei aqui o ano passado, já cheguei ao quadro principal, portanto este ano já vou saber lidar melhor com isso. Conto com o apoio de toda a gente. O ano passado foi muito especial toda a gente apoiar, todo o ambiente que estava à minha volta e espero este ano ser o mesmo ambiente ou ainda melhor. Acho que cada vez mais o ténis está a crescer e tento ao máximo ajudar a isso”, acrescentara antes de mais uma jornada onde conseguiu empolgar bancadas depois de toda a emoção da despedida de João Sousa, o melhor português de sempre que se despediu do circuito profissional no Estoril Open com uma derrota na ronda inaugural frente ao jovem francês Arthur Fils por 7-5 e 6-4.

Henrique Rocha até começou o jogo com confiança em alta, fechando os dois primeiros jogos de serviço em branco frente a Monfils mas o francês não demorou a aproveitar a oportunidade e fazer o break a 4-2 a que somou o triunfo no seu saque para um 5-2 que parecia fechar as contas do set inicial. Não fechou. E depois de ter desperdiçado dois pontos de break, o português conseguiu anular esse jogo a menos levando o jogo para um 5-5 que deixava tudo em aberto até o gaulês fazer o 6-5 no seu serviço em branco e quebrar na primeira hipótese o jogo de Rocha, fechando o parcial com um 7-5 que sabia a pouco ao jogador nacional.

Foi isso que se viu no início do segundo parcial, com o português a soltar-se em definitivo no encontro e a quebrar o serviço de Monfils logo na primeira oportunidade para o 2-1 antes de segurar o seu jogo de serviço. Aliás, até chegar ao 5-3, Henrique Rocha ganhou todos os seus encontros em branco ou cedendo apenas um ponto até ao décimo jogo, quando podia fechar o set. Aí, num dos jogos de serviço mais longos, evitou por três vezes o break, podia teve dois set points mas acabou por ver o francês reentrar na decisão antes de Gaël Monfils fazer o 6-5 e voltar a quebrar depois de o português ter podido levar tudo para o tie break.