O Zimbabué declarou esta quarta-feira o estado de calamidade devido à seca, com o Presidente a afirmar que necessita de dois mil milhões de dólares (1,85 mil milhões de euros) em assistência humanitária.
A declaração era amplamente esperada, na sequência de ações semelhantes assumidas pelos países vizinhos Zâmbia e Malaui, onde a seca ligada ao fenómeno meteorológico El Niño tem devastado as colheitas, deixando milhões de pessoas a necessitar de ajuda alimentar.
“Devido à seca causada pelo fenómeno El Niño, (…) mais de 80% do nosso país registou uma precipitação abaixo do normal“, declarou o Presidente, Emmerson Mnangagwa, num discurso em que apelou à ajuda internacional.
A prioridade do país, afirmou, é “garantir alimentos para todos”.
“Nenhum zimbabuense pode sucumbir ou morrer de fome”, acrescentou, apelando às agências das Nações Unidas, às empresas locais e às organizações religiosas para que contribuam para a ajuda humanitária.
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas lançou no Zimbabué, entre janeiro e março, um programa de ajuda destinado a 2,7 milhões de pessoas, quase 20% da população do país.
O país, outrora uma potência agrícola regional e exportadora de cereais, tem dependido cada vez mais, nos últimos anos, das agências de ajuda humanitária para evitar a fome em massa, devido a condições meteorológicas extremas, como ondas de calor e inundações.
Grande parte da África Austral está a braços com uma crise alimentar devido à seca que persiste. O Zimbabué declarou o estado de catástrofe nacional e apelou à assistência humanitária dos doadores internacionais em 2019, depois de uma colheita fracassada ter deixado dezenas de milhares de pessoas necessitadas.
O Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, declarou a atual seca como uma catástrofe nacional, em fevereiro, afirmando que quase metade das colheitas de milho tinham sido destruídas. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de seis milhões de pessoas na Zâmbia, metade das quais crianças, foram afetadas pela seca.
Menos de um mês depois, o Presidente do Malaui, Lazarus Chakwera, declarou que o país necessitava de mais de 200 milhões de dólares (185 milhões de euros) de ajuda humanitária urgente devido a uma seca que, segundo o próprio, afetou dois milhões de famílias. O Unicef disse que cerca de nove milhões de pessoas, metade das quais crianças, precisam de ajuda no Malaui.
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional estimou que 20 milhões de pessoas na África Austral precisavam de ajuda alimentar entre janeiro e março.
Estas necessidades poderão prolongar-se até ao início de 2025 para muitas pessoas em áreas de maior preocupação, como o Zimbabué, o sul do Malaui, partes de Moçambique e o sul de Madagáscar, devido ao El Niño, acrescentou.
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