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A Amnistia Internacional (AI) considerou esta sexta-feira insuficiente a abertura do porto de Ashdod e da passagem de Erez para aumentar a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e pediu a Israel “todas as rotas disponíveis imediatamente”.

“Embora a abertura de rotas para a ajuda humanitária entrar no norte de Gaza seja absolutamente necessária, o anúncio de Israel está muito atrasado e continua a ser lamentavelmente insuficiente, dados os níveis catastróficos de fome em Gaza”, afirmou em comunicado a diretora regional da AI para o Médio Oriente e Norte de África, Heba Morayef.

Neste sentido, apelou às autoridades israelitas para que aumentem o acesso da ajuda humanitária através das passagens do sul da Faixa de Gaza, onde apenas “uma parte” do total dos fornecimentos foi autorizada a entrar.

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“Depois de dificultar deliberadamente a ajuda e de reforçar dramaticamente nos últimos seis meses o seu bloqueio sufocante de mais de 16 anos, que infligiu condições terríveis aos civis de Gaza, Israel não pode ser elogiado por finalmente fazer um esforço mínimo para enfrentar uma catástrofe humanitária de cuja criação tem sido responsável”, acrescentou.

A AI também apelou para que estas medidas fossem acompanhadas de um cessar-fogo imediato e pelo levantamento total “do bloqueio ilegal” do território palestiniano.

Além disso, apelou para que sejam libertados os reféns detidos pelo grupo islamita Hamas, ao mesmo tempo que pede às autoridades israelitas que soltem os prisioneiros palestinianos.

Neste sentido, a ONG referiu-se à última resolução aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas impondo um cessar-fogo imediato durante o mês do Ramadão e às medidas cautelares impostas pelo Tribunal Internacional de Justiça. (CIJ).

“A realidade é que sem um cessar-fogo a entrega segura e eficaz da ajuda humanitária continua em risco. O fim do Ramadão está a poucos dias de distância e tanto a resolução vinculativa da ONU que apela para um cessar-fogo imediato como a decisão do TIJ foram completamente ignoradas”, concluiu Morayef.

O anúncio de Israel de abrir o porto e a passagem ocorre poucas horas depois de os Estados Unidos terem alertado para uma mudança na sua política se não vissem medidas “específicas, concretas e mensuráveis” para “abordar os danos civis, o sofrimento humanitário e a segurança dos trabalhadores humanitários” na Faixa de Gaza.

As exigências de Washington acontecem após o ataque israelita contra a caravana da organização não-governamental World Central Kitchen (WCK) na segunda-feira em Gaza, que custou a vida a sete dos seus membros.

As imagens dos carros atingidos (diretamente) por Israel, que promete investigar “trágico incidente”

O Exército israelita anunciou esta sexta-feira a demissão de dois oficiais e a repreensão de outros três, incluindo o chefe de operações do Comando Sul, depois de ter realizado uma investigação inicial sobre o ataque.

O conflito foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do grupo islamita Hamas em solo israelita de 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o território sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que já está a fazer vítimas — “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Segundo especialistas, a campanha militar israelita na Faixa de Gaza é uma das mais mortíferas e destrutivas da história recente.