Não exclui a possibilidade de se candidatar à presidência da República e explica porque é que passou a defender o Serviço Militar Obrigatório (SMO).

O Chefe do Estado Maior da Armada entende que “face à atual situação geopolítica na Europa faz todo o sentido pensar e debater a capacidade de gerar rapidamente recursos humanos para a Defesa de um país em caso de necessidade”(ainda só disponível na edição impressa).

E acrescenta que “noutros países da Europa, o Serviço Militar Obrigatório, ou uma variante deste, tem sido implementado”.que ficou popular após liderar a task-force do plano de vacinação contra a Covid-19,

“Não fui adepto de qualquer serviço militar obrigatório até muito recentemente, em resultado da invasão da federação Russa da Ucrânia”, explica. Mas “o mundo mudou muito nestes últimos dois anos”, tendo em conta a guerra convencional de elevada intensidade na Europa que pode vir a comprometer dois dos pilares básicos da nossa segurança e prosperidade, a NATO e a UE respetivamente”. Por isso a sua posição mudou também.

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Gouveia e Melo rejeita antigo Serviço Militar Obrigatório e pede “nova resposta” consensual

“Há uns anos, havia voluntários com 16 e 17 anos. Hoje o cenário é completamente diferente”, sublinhou, lembrando que “a falta de efetivos é um dos principais problemas da Marinha e das FA”. Depois de enumerar todas as medidas para melhorar o recrutamento na Marinha feitas nos últimos anos, Almirante frisou que “para que o problema seja resolvido é necessário implementar mais medidas que não estão ao nível da Marinha”.

Serviço Militar Obrigatório “não resolve” problemas nas Forças Armadas. As dúvidas, benefícios e dificuldades do seu regresso

O almirante já tinha defendido, através de um artigo de opinião que publicou no semanário Expresso, no dia 28 de março, uma “nova resposta” consensual entre o poder político e a sociedade para mobilizar a população em situações limite.

Referindo que “neste momento há mais oficiais e sargentos do que praças… ” garante que a Marinha continua “a cumprir com as missões nacionais e internacionais incumbidas”. Porém, “este empenhamento só tem sido possível devido ao elevado esforço, abnegação e espírito de missão por parte de todos os militares, militarizados e civis da Marinha, principal-mente aqueles que se encontram em missão, seja no mar ou em terra”.

E avisa: “O nível operacional atual não será sustentável sem reforços significativos de pessoal. As FA têm mesmo meios e capacidade para honrar os compromissos assumidos com a NATO?”

Nome apontado como possível candidato a Presidente da República, depois de ganhar popularidade como coordenador da task force da vacinação contra a Covid-19,  deixa críticas a quem resiste à ideia de ter um antigo quadro militar a concorrer a Belém. “Desde que não se encontre no ativo, tem tanto direito a concorrer a um cargo político como um pescador, um serralheiro, um engenheiro, um advogado, um jurista ou um médico”, entende Henrique Gouveia e Melo.

Questionado sobre as sondagens que o colocam numa posição favorável perante uma eventual candidatura,  o Chefe do Estado Maior da Armada afirma que está focado a “110%” na Marinha e “a realizar um projeto de transformação estrutural, genética e operacional que se encontra em curso”.

Sobre os anticorpos à sua entrada na corrida a Belém, considera que a prioridade é que o candidato tenha “qualidades de liderança, de governação e sentido de Estado”. No fim, aponta, “em democracia, quem escolhe é o povo”.