É o tudo ou nada para Carles Puigdemont. O ex-presidente da Generalitat e atual líder do partido político Junts per Catalunya anunciou, numa entrevista à rádio catalã RAC1, que abandonará a “política ativa”, caso não vença as próximas eleições para o parlamento regional da Catalunha, marcadas para o próximo dia 12 de maio: “Tem pouco sentido que me dedique a ser líder da oposição”.
Em todo o caso, o catalão, um dos principais organizadores do referendo em 2017, assegurou que, se a lei da amnistia for aplicada, vai voltar a Espanha. “Voltarei mesmo que não ganhe as eleições e não seja investido”, disse, acrescentando que, se for amnistiado, se encerrará a “etapa do exílio”, que lembra como de “grande repressão e intensidade”. E divulgou igualmente que estará presente no primeiro debate de investidura do parlamento regional catalão, sendo a sua última aparição política caso não ganhar as eleições.
Sobre o futuro, Carles Puigdemont assegurou que está a “preparar o discurso da vitória” da noite eleitoral. Contudo, caso perca as eleições regionais, insistiu que “alguém que foi presidente da Generalitat não pode estar no Senado, nem no conselho de administração de uma grande empresa”, não especificando qual seria a sua ocupação futura.
Neste momento, segundo as sondagens mais recentes, deverá ser o Partido Socialista da Catalunha (PSC) a vencer as eleições. De acordo com agregador publicado pelo canal estatal RTVE, os socialistas angariam 26,8% dos votos, ao passo que o Junts se deverá ficar pelos 20,1%. Muito próxima, em terceiro lugar, está a Esquerda Republicana Catalã, com 18,9%.
A ameaça a Sánchez
Relativamente a um futuro eleitoral, Carles Puigdemont rejeitou por completo chegar a acordo com os socialistas. “Não procurarei um acordo, nem me acredito que o PSC o queira”, assinalou na entrevista. O único cenário em que admite governar é se houver uma “maioria” no parlamento regional da Catalunha de “forças independentistas”.
Num parlamento que deverá ter múltiplas forças políticas sem uma maioria clara, o líder do Junts per Catalunya deixou um aviso ao presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez. Terá “pouco sentido” continuar a apoiar a coligação liderada pelos socialistas no Congresso dos Deputados, em Madrid, se o PSC ignorar o que a “maioria dos catalães elegeu”.
Ou seja: se no pós-eleições o PSC coligar-se com a ERC e com outros partidos na Generalitat, Junts per Catalunya deixará cair o governo em Madrid. “O PSC saberá o que tem de fazer”, atirou Carles Puigdemont.