Artigo originalmente publicado a 13 de abril deste ano a propósito de um ataque do Irão a Israel e republicado agora na sequência de novo ataque iraniano a Telavive.
É o sistema mais conhecido e o mais usado, por causa do conflito com o Hamas. O Iron Dome é um dos sistemas de defesa militar mais avançados do mundo e foi desenhado especialmente para proteger a complexa posição geográfica de Israel, cercado por países árabes com os quais mantém conflitos armados ativos ou latentes. Devido às especificidades do território israelita, a principal ameaça são os ataques de curto alcance — para os quais o Iron Dome foi pensada, explica a BBC.
É preciso recuar até ao verão de 2006 para encontrar as raízes deste sistema de defesa. Na guerra do Líbano de 2006, um dos capítulos do já longo conflito israelo-árabe, o grupo armado Hezbollah lançou milhares de rockets contra Israel, matando dezenas de pessoas e causando enormes danos materiais no território israelita. Na sequência desse período de violência, Israel decidiu investir num novo sistema de defesa contra rockets, que foi encomendado à empresa de segurança israelita Rafael Advanced Defense Systems e à empresa de aeronáutica Israel Aerospace Industries. O sistema foi desenvolvido com apoio dos Estados Unidos.
The skies of Tel Aviv tonight as the Iron Dome missiles are shot into the sky to blowup the incoming rockets from Gaza. Just surreal. pic.twitter.com/zXgAaU5tF6
— Louis Fishman لوي فيشمان לואי פישמן (@Istanbultelaviv) May 11, 2021
Capaz de funcionar em quaisquer condições atmosféricas, o Iron Dome baseia-se num sistema de deteção de ameaças por radar. Assim que a rede de radares deteta o lançamento de um rocket, envia toda a informação em tempo real para o centro de controlo, onde são feitos os cálculos que determinam automaticamente o local estimado para o impacto do rocket. Com essa informação, o sistema avalia também o risco para a população e, em poucos segundos, determina se o rocket vai cair numa zona povoada ou não.
Caso a previsão aponte para o impacto numa região habitada, o sistema dispara de modo automático um míssil de interceção a partir de um dos dez locais de lançamento espalhados por todo o país. A missão do míssil de interceção é simples: vai, de modo teleguiado, atrás do rocket e explode junto a ele ainda a grande altitude, inutilizando-o e transformando-o em detritos — que depois caem em terra. Por esse motivo, os sistemas de alerta israelitas mantêm as sirenes ligadas durante um período depois das explosões, para evitar que os cidadãos andem na rua durante a queda dos detritos.
A “Cúpula de Ferro” faz parte de um sistema mais alargado de defesa aérea que inclui também o “Arrow” (Flecha), uma tecnologia semelhante capaz de intercetar mísseis balísticos de longo alcance; e o “David’s Sling” (Funda de David), que interceta mísseis de alcance médio, como os usados pelo Hezbollah no Líbano.
Os dois, tal como o Iron Dome, foram desenvolvidos por Israel em conjunto com os Estados Unidos. O exército israelita é pouco detalhado sobre a capacidade de todo o sistema, mas sabe-se que, em 2021, o Iron Dome contava com dez estações de lançamento por todo o país, cada uma com três ou quatro lançadores de mísseis com capacidade para 20 mísseis cada um.