Depois de um fim de semana de sonho, uma semana de pesadelo. O Manchester City baixou as expetativas a nível de reconquista do título depois do empate sem golos no Etihad frente ao Arsenal mas um domingo de derrotas surpreendentes dos gunners com o Aston Villa e do Liverpool diante do Crystal Palace colocou de novo os citizens no topo da Premier League a depender apenas de si para a vitória no Campeonato. Todavia, a euforia durou pouco: num encontro entre as duas melhores equipas no plano europeu, o Real Madrid vingou a derrota da última temporada em Inglaterra e deixou o conjunto de Pep Guardiola fora da Champions. Em desvantagem no marcador desde cedo, Kevin de Bruyne e companhia deixaram os merengues encostados à sua área, tiveram inúmeras oportunidades de golo, jogaram melhor mas acabaram por perder.
Mais do que a hipótese frustrada do treble, a forma como a equipa caiu nos quartos da Liga dos Campeões ia sempre deixar a sua marca. Uma marca em Kevin de Bruyne, que fez o melhor encontro desde o regresso na sequência de lesão mas falhou a reviravolta. Uma marca em Bernardo Silva, que voltou a ser fulcral no jogo do City mas desperdiçou uma das grandes penalidades. Uma marca em Erling Haaland, que continua a ser o melhor marcador mas voltou a ficar em branco. Uma marca sobretudo coletiva, de um conjunto que ia vendo a época fugir-lhe entre os dedos, voltou a ter tudo na mão mas acabou por ceder no primeiro grande objetivo que determinaria a equipa que a partir das meias seria favorita à conquista do título europeu.
Andriy Lunin’s confident save against Bernardo Silva ⛔️???? pic.twitter.com/bFTLFhpHv7
— CentreGoals. (@centregoals) April 20, 2024
Não podemos ficar a lamentar-nos, não podemos ter pena de nós próprios. Demos o máximo mas não conseguimos ganhar. Não temos tempo para refletir sobre isso, talvez durante o verão. Pensavam que esta época íamos fazer de novo o treble? E outro na próxima época? E que iríamos vencer a Premier com 20 pontos de avanço? Isso não acontecerá…”, referira Guardiola.
It meant so much to Bernardo Silva ???? pic.twitter.com/HS4zj2QPl5
— ???????? (@ErlingRoIe) April 20, 2024
Depois, uma questão de calendário. Qualquer que fosse o resultado não haveria tempo para respirar porque o Manchester City teria pela frente este sábado a meia-final da Taça de Inglaterra mas encarar a partida diante do Chelsea, contra quem empatara os dois encontros feitos na presente temporada para a Premier, com os índices anímicos em baixo era uma dificuldade extra em forma de desafio para o (apesar de tudo) ainda campeão europeu em título. No final do jogo, se existe essa coisa de justiça divina, a mesma sorriu a Bernardo Silva: no seguimento do penálti falhado que levantou muitas críticas pela forma como bateu à figura de Lunin e de dias em que se voltou a falar muito de uma possível saída no final da época, o português nunca desligou da partida apesar de não estar a ter uma tarde feliz e acabou a fazer o golo da vitória em Wembley que colocou de novo os citizens na final da prova, frente a Manchester United ou Coventry.
???????? 16 G/A contribution this season for Bernardo Silva, his 11th goal is at Wembley.
Pep protected Bernardo after the penalty vs Real Madrid and he’s back to crucial goal tonight. pic.twitter.com/w1YfR5FCfl
— Fabrizio Romano (@FabrizioRomano) April 20, 2024
A imagem que imperou na primeira parte foi a de um Manchester City “abatido”. Com as saídas de Ederson, Rúben Dias, Gvardiol e Haaland (com um pequeno problema muscular) e as entradas de Ortega, Nathan Aké, John Stones e Julian Álvarez, a formação de Pep Guardiola ainda teve uma oportunidade clara de golo, num passe fantástico de Kevin de Bruyne a isolar Phil Foden antes de uma finta que saiu mais longa e não deu depois margem para o remate para a baliza, mas nunca conseguiu mostrar aquela melhor versão que consegue ter com e sem bola entre o mérito de um Chelsea que jogou a um nível acima do nono lugar que ocupa na Premier e podia ter chegado ao intervalo em vantagem numa jogada em que Nicolas Jackson adiantou em demasia a bola na área e num remate de Cole Palmer para grande defesa de Ortega (37′).
Can’t miss chances like Jackson missed and expect to win these games.
It’s not about deserving it’s about being clinical and we weren’t today.
Pochettino not to blame at all.
We go again ????#CFC #Chelsea #ChelseaFC pic.twitter.com/bpXD6HARjJ
— Charlie Patrick (@charliepatrick0) April 20, 2024
O segundo tempo começou com as câmaras a apontarem com especial interesse em Didier Dogba, avançado que estava nas bancadas para ver a sua antiga equipa londrina. Percebeu-se porquê: em dois momentos da mesma jogada, Nicolas Jackson teve nos pés a oportunidade de inaugurar o marcador isolado com Oretega a travar as duas tentativas (49′). Logo de seguida, Phil Foden receber de Kevin De Bruyne e obrigou Petrovic à primeira grande defesa do jogo. O encontro “acordava” da monotonia, com as duas equipas apostadas em chegarem ao 1-0 que iria mudar por completo o rumo até ao final e um lance polémico com uma mão de Grealish na área após livre de Cole Palmer que não deu penálti. Guardiola lançou Doku no jogo e foi aí que começou a ganhar outro peso em termos ofensivos, confirmado de forma inglória para o Chelsea a seis minutos do final quando Bernardo Silva aproveitou um ressalto na área e rematou para o 1-0.
THE BREAKTHROUGH ????
Bernardo Silva is a man for the big moments for @ManCity ????#EmiratesFACup pic.twitter.com/mfqEeKxWGY
— Emirates FA Cup (@EmiratesFACup) April 20, 2024