As autoridades de Taiwan detetaram duas dezenas de aviões militares chineses nas imediações da ilha desde as 08:15 locais deste sábado (01:15 em Lisboa), anunciou o Ministério da Defesa taiwanês.
“Dezassete aviões [de um total de 21] atravessaram a linha mediana” do Estreito de Taiwan, declarou o ministério em comunicado, referindo-se a uma demarcação não oficial entre a China e Taiwan que Pequim não reconhece.
As forças armadas taiwanesas estão “a observar estas atividades utilizando sistemas de vigilância e mobilizaram os meios adequados para reagir em conformidade”, acrescentou o ministério, citado pela agência francesa AFP.
Taiwan é uma ilha autónoma desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, que Pequim reivindica como parte da República Popular da China e que pretende conquistar um dia, se necessário pela força.
O recrudescimento das incursões de aviões chineses faz parte daquilo a que os especialistas chamam a estratégia da “zona cinzenta”, ou seja, ações de intimidação que não chegam a ser atos de guerra.
Estas ações intensificaram-se desde a eleição, em 2016, da Presidente Tsai Ing-wen, que considera que Taiwan é de facto “já independente”, uma linha vermelha para Pequim.
Tsai deverá entregar o cargo em 20 de maio ao atual vice-presidente, Lai Ching-te, membro do Partido Democrático Progressista (PDP), tal como a atual Presidente.
Vencedor das eleições presidenciais de 13 de janeiro, Lai é também a favor de uma posição de firmeza em relação a Pequim.
A questão de Taiwan é um dos principais pontos de fricção entre a China e os Estados Unidos, que são o principal fornecedor de armas a Taipé e se comprometeram a defender a ilha em caso de conflito.
A Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, de maioria republicana, tem na agenda de hoje uma votação que poderá ditar o fim do bloqueio de fundos para Taiwan, Ucrânia e Israel.