Uma visita sobretudo simbólica ao terreno onde irá nascer a nova Academia do FC Porto na Maia logo pela manhã com mais um sonho revelado, uma renovação de peso de um dos nomes em maior destaque na equipa de futebol ao longo desta temporada, mais duas “bombas” num jantar no Casino de Espinho esta noite. A campanha para as eleições dos azuis e brancos está a poucos dias de terminar mas Pinto da Costa continua continua a todo o gás em iniciativas onde se divide no papel de presidente e candidato. E foi nessa condição que falou esta noite dos dois maiores símbolos da equipa de futebol, Sérgio Conceição e Pepe.

“O Pepe, que é um jogador de grande utilidade, tem um contrato assinado comigo para mais um ano, só que pediu para só meter na Liga depois das eleições mas já tenho o contrato assinado com ele. Depende do Pepe, assinou contrato em que, se eu continuar como presidente, ele continua a jogar. Se não continuar, será ele que terá que conversar com quem vier para ver se continua ou não”, referiu. “O Sérgio Conceição comigo vai continuar, ponto. Se tenho essa garantia? Claro, senão não dizia isso, nem podia estar a dizer. Se eu vencer as eleições, o Sérgio Conceição vai continuar. Também já tem contrato assinado. Com outros é uma questão que terão que tratar com ele, porque aí quem vier é que tem que decidir, e ele também é que terá que decidir se quer ou não”, acrescentou sobre o treinador, em declarações citadas pelo jornal Record.

“Longevidade? Nunca pensei, nem nunca ninguém pensou. Simplesmente as coisas foram andando, foram passando os anos e os dias… Estou aqui com muito orgulho e satisfação por ver tanta gente portista à minha volta, tantos amigos. Foram 42 anos de uma entrega total ao FC Porto, onde tive ajuda preciosa de muita gente, alguns deles infelizmente não podem estar aqui porque já não estão no meio de nós, de toda a massa associativa, essencial em todas as vitórias que conseguimos. O FC Porto venceu nas diversas modalidades 2.600 títulos e isso só foi possível pelo valor das equipas, dos treinadores, dos atletas e sobretudo pela união da massa associativa sempre teve à volta das suas equipas”, destacou Pinto da Costa, que colocou a Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987 como o troféu mais importante do percurso.

“O primeiro cargo diretivo, o primeiro cartão que tenho como recordação é de 1962 e também nesse período tive momentos de muita satisfação, as vitórias do hóquei em patins, porque foi a modalidade em que eu me iniciei como dirigente, mas todas elas me deram enorme satisfação e no futebol, onde conseguimos ganhar títulos ao fim de 19 anos de jejum. 25 de abril? Falta isso no futebol. Porque o 25 de abril foi feito para dar liberdade de expressão. Agora, no futebol dar uma opinião ou mostrar um desacordo contra factos concretos dá castigos. Por exemplo, no Estoril eu disse que o VAR não devia ter intervido, que o árbitro tinha estado mal, e depois levei um processo por ter dito isso, e passado uns dias o Conselho de Arbitragem vem dizer que o VAR não devia ter intervido, então vão pôr um processo ao Conselho de Arbitragem”, disse.

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Também no mesmo jantar que assinalou o 42.º aniversário na presidência do FC Porto, Paulo Futre, uma das contratações mais carismáticas de sempre de Pinto da Costa no seu reinado, deixou elogios ao líder portista. “Toda a minha vida com este homem, porque sem ele eu não estava aqui. Se os sócios do FC Porto são ingratos com este enorme campeão e único… Na hora da votação serão, para mim, a pior massa associativa do Mundo. Nada, ninguém, e vou dizer pela primeira vez, nunca disse isto publicamente, quem lhe meteu alcunha de Papa, para mim foi o maior orgulho, porque este homem é o Papa do futebol mundial. Pelos milagres que fez, foram muitos. É a primeira vez que estou a dizer, porque é o Papa, no nome do futebol português, do futebol mundial. E se, por acaso, não ganhar, é um dia terrivelmente triste para mim e para o FC Porto, para a cidade. Acho que a mística termina. Eu não quero falar mal dos outros candidatos, são grandes candidatos, grandes portistas, mas este é o meu pai”, expressou.

De manhã, durante uma visita com os jornalistas ao início das obras na Academia de Maia, Pinto da Costa tinha mostrado todo o orgulho na infraestrutura que vai nascer mas sem querer ficar por aí. “Importante? Para o FC Porto todos os dias são importantes. Todos os dias temos que trabalhar, há problemas para resolver, há jogos quase todos os dias de qualquer modalidade, e queremos sempre vencer. Todos os dias são marcantes. Quando me levanto, vou ao espelho e vejo que estou vivo, é um dia marcante. Se esta é a última infraestrutura na presidência? Não sei, não lhe posso dizer. Espero que não. Se tenho mais sonhos? Tenho, mais sonhos: um pavilhão para as [modalidades] amadoras”, apontou o líder dos azuis e brancos.

“Obra mais estruturante do clube depois do Estádio? É a mais necessária, a que fazia mais falta, a que vai dar mais força ao FC Porto e às suas equipas de futebol. É um sonho antigo que tive mas não é para mim. Não venho aqui treinar que já não tenho idade para isso, é para o FC Porto, será eternamente do FC Porto e para quem cá estiver. Não o fiz para mim. Quem inaugura? Quem está e quem não está não interessa, o que interessa é que a obra esteja pronta para a juventude e para o FC Porto. O que era preciso era ser feita e não tinha essa garantia, ouvi críticas. Começaram com ameaças de que rasgavam papéis e contratos, então tivemos de fazer imediatamente. Depois há aquelas burocracias e entraves, mas agora os trabalhos estão a decorrer. Agora quem vai cortar a fita, isso não é importante”, salientou Pinto da Costa.

“Há mais de um ano, ano e meio, depois de termos visto que não era possível levar a cabo aquilo que pensávamos ser viável em Matosinhos, pensámos neste projeto. Escolhemos um local, encontrámos um parceiro, Gaspar Borges tinha nove hectares, disponibilizou-se a negociá-los connosco desde que a Câmara também o fizesse com os três que tem. Foi possível com a boa vontade de todos e por isso estamos hoje aqui para começar a acordar do sonho que tivemos para que todos possam ver que é uma realidade. Se é uma resposta a muita gente? Sim, é. A muita gente. Se calhar até a alguns de vós que estão aqui. Mas neste momento quero esquecer isso, o que interessa é fazer a obra rapidamente para bem da juventude”, concluiu.

A meio do dia, mais concretamente ao final da tarde, houve mais uma notícia a marcar a atualidade do FC Porto: Francisco Conceição vai ficar em definitivo no Dragão até 2029. “O Francisco renovou por cinco anos, porque já fez o número de jogos e já comunicamos ao Ajax que vamos exercer o direito de opção, em maio, que é a data em que o podemos fazer. Assinou por cinco anos, porque para mim é um dos valores firmes do nosso futebol e do nosso clube”, comentou Pinto da Costa na sequência do anúncio da renovação.

“Há dois anos, e o Sérgio Conceição até foi criticado por isso e nada teve a ver com tal, fui eu que lhe destinei a camisola número 10. Foi criticado porque era um miúdo, que chegava aqui e já tinha o número 10, que era um número mítico, mas eu sabia o que estava a fazer. Quando ele foi embora, tinha a certeza que ele ia regressar e disse ‘Vais embora, eu não vou dar o número 10 a ninguém e daqui a um ano o número 10 está à tua espera’. Assim foi e hoje toda a gente lhe reconhece qualidade e valor, para de facto merecer esse número 10. Trunfo eleitoral? Não tem nada a ver com isso. Não estou a pensar em convencer ninguém, estou apenas a pensar no futuro do FC Porto”, acrescentou o presidente dos azuis e brancos.