Uma exposição com imagens captadas pelo fotógrafo franco-húngaro Lucien Hervé (1910-2007), conhecido pela sua dedicação à arquitetura modernista do século XX, vai ser inaugurada na sexta-feira, no Centro Cultural de Cascais, anunciou esta quinta-feira a organização.
“Lucien Hervé: Flashes do Homem na Cidade Moderna” dá título à exposição que abre ao público no sábado e ficará patente até 30 de junho, iniciativa da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.
Com curadoria dos arquitetos portugueses Isabel Alvarenga e Victor Neves, a exposição foi especialmente concebida para o Centro Cultural de Cascais, e parte de uma perspetiva temática que investiga a representação da figura humana e da urbe nas fotografias de Lucien Hervé, num cruzamento da fotografia, arquitetura e sociologia, segundo um comunicado da organização.
Nascido em Hódmezovásárhely, na Hungria, em 1910, Lucien Hervé imigrou para França em 1940 e, em Paris, tornou-se ativo no Partido Comunista francês.
Capturado nesse mesmo ano pelas forças alemãs, foi enviado para o campo de prisioneiros de Hohenstein, na Alemanha, de onde conseguiu fugir no ano seguinte.
De volta a França, ingressou nas fileiras da resistência à ocupação nazi sob o pseudónimo de Lucien Hervé, e em 1949 conheceu o arquiteto modernista Le Corbusier, que se revelaria decisivo na sua carreira como fotógrafo.
Hervé tornou-se conhecido pela sensibilidade com que fotografou projetos arquitetónicos assinados por modernistas como Le Corbusier e o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, “tornando o seu trabalho conhecido em todo o mundo, pela observação do concreto, mas também por nunca esquecer a presença dos vivos”, destaca um texto da curadoria.
A sua obra fotográfica não é apenas uma notável reportagem sobre edifícios icónicos. É também relevante pelos seus aspetos estéticos, artísticos e sociológicos. Lucien Hervé é um dos raros fotógrafos que combinava todas essas áreas com a arquitetura e com a cidade do século XX”, sublinha.
Os curadores assinalam ainda que, nas suas imagens, Hervé “obtinha uma perfeita harmonia entre uma visão humanista, conjugada com a visão analítica do arquiteto, sublinhando, com o uso da luz, as formas geométricas e as texturas dos materiais, representando de forma exemplar a vivência espacial, criando uma narrativa visual passível de transmitir a sensação corporal do espaço”.