A EDP vai “desacelerar” os investimentos previstos para o horizonte de 2026 que se deverão fixar em 17 mil milhões de euros. Esta meta foi revelada esta sexta-feira durante a apresentação aos investidores após os resultados do primeiro trimestre. E segue-se ao anúncio realizado na quinta-feira pela EDP Renováveis de que iria cortar o plano de investimentos em três mil milhões de euros.

No ano passado, na apresentação do plano estratégico para 2023-2026, a elétrica apontava investir 25 mil milhões de euros. O montante de 17 mil milhões de euros terá como principais destinos a União Europeia — 45% — e os Estados Unidos — 33%. Por setor, a produção renovável continua a ser o grande destino com 80% do valor, mas as redes ganham peso com um investimento estimado de três mil milhões de euros.

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O presidente executivo, Miguel Stilwell de Andrade, explicou, em conferência com analistas, que esta atualização tem como objetivo acomodar os preços de venda da eletricidade mais baixos e o prolongamento no tempo do ciclo de juros altos.

A previsão de preço médio no mercado grossista foi revista em baixa de 30% de 82 euros por megawat hora (MWh) para 58 euros por MWh, mas a EDP tem contratos para proteger a do risco de preço (hedging) na venda para 80% da produção este ano e 50% para 2025. A descida dos preços no mercado ibérico está associada a uma forte produção renovável, alimentada em particular pela maior disponibilidade de recursos hídricos. A produção hidroelétrica cresceu cerca de um terço nos primeiros três meses do ano.

Questionado sobre o impacto das novas condições do mercado, Miguel Stilwell de Andrade reconhece que estamos a ver petrolíferas a sair de projetos renováveis, mas há procura e a EDP tem mostrado capacidade para entregar projetos. O gestor espera que a menor concorrência vai permitir à empresa conseguir projetos com retorno interessante.

Decisões judiciais vão no sentido de que a CESE a partir de 2018 é inconstitucional

O presidente executivo da EDP considera que as decisões judiciais recentes sobre a Contribuição Extraordinária Sobre o Setor Energético (CESE) parecem mostrar uma consolidação de que a aplicação desta taxa a partir de 2018 não é constitucional.  Isto porque, argumenta Miguel Stilwell de Andrade, as condições extraordinárias que justificaram a sua criação deixaram de existir. A CESE foi criada em 2014 ainda durante o programa de assistência e para ajudar a reduzir o défice tarifário da eletricidade, mas tem sido prolongada no tempo e no universo de incidência, chegando às renováveis no primeiro Governo de António Costa

De acordo com o Jornal de Negócios, o Tribunal Constitucional considerou que a aplicação da CESE às energias renováveis era inconstitucional porque violava o princípio da igualdade. As renováveis ficaram de fora da CESE original porque tinham um regime de remuneração garantida e não contribuíram para a criação do défice tarifário. O CEO da EDP recordou ainda que houve decisões também contra a aplicação desta taxa ao setor do gás.

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A EDP tem vindo a contestar a CESE e suspendeu o seu pagamento no ano passado, mas ainda aguarda pelo desfecho dos seus processos, No entanto, Miguel Stilwell de Andrade reafirma a posição de que a CESE é uma taxa “que não faz sentido porque quanto mais investimentos fazemos, mais pagamos. Num contexto de transição energética, devíamos estar a incentivar a incentivar investimentos e não e penalizar”. E revelou que a empresa já não considera a sua aplicação a partir de 2026.