São vários os temas que separam os dois principais candidatos à presidência dos EUA e até em relação aos veículos eléctricos Joe Biden e Donald Trump têm estratégias distintas. Biden está disposto a jogar particularmente duro para proteger a indústria nacional e os seus trabalhadores, enquanto Trump está pronto a esgrimir argumentos que ajudem… a sua candidatura.

Os EUA não têm aparentemente dúvidas em relação aos subsídios ilegais que o Estado chinês concede aos construtores locais, incrementando a respectiva competitividade ao permitir-lhes comercializar os seus veículos por um preço inferior. Daí que, para desincentivar e combater esta abordagem, não aceitável no comércio internacional, Biden admite elevar brutalmente os impostos aplicados aos veículos vindos da China. Actualmente, todos os carros importados para os EUA estão sujeitos a um imposto de 2,5% — na Europa esta taxa é de 10% —, mas os veículos vindos da China pagam uns adicionais 25%, atirando o valor total para 27,5%. Mas Biden prepara-se para (quase) quadruplicar este valor.

Apostado em defender a economia norte-americana, nomeadamente a indústria automóvel local e os respectivos trabalhadores, tudo indica que o actual Presidente norte-americano se prepara para elevar de 27,5% para 100% a taxa à importação de veículos automóveis vindos da China. A equipa de Biden terá concluído que esta será a melhor forma de anular qualquer tipo de ajudas ilegais aos construtores chineses, ainda que, no processo, tal impeça os condutores americanos de adquirir carros eléctricos mais acessíveis.

Donald Trump também está a pensar nos veículos eléctricos, mas numa óptica distinta. Metendo todos no mesmo saco, isto é, criando uma abordagem única independentemente da origem, seja o veículo importado (da China, por exemplo) ou produzido nos EUA, Trump pretende limitar a venda de modelos alimentados por bateria, pese embora os três grandes grupos norte-americanos (mais a Tesla) estejam a investir fortemente nesta tecnologia, nomeadamente a Ford, General Motors e Stellantis, esta última através da Dodge, Ram e Jeep, entre outras.

Se Biden está preocupado com a indústria automóvel, Trump quer ajudar outra indústria, curiosamente antagónica da tecnologia eléctrica. De acordo com o Washington Post, Trump ter-se-á reunido com alguns dos responsáveis das grandes companhias petrolíferas na sua residência em Mar-a-Lago. Em cima da mesa esteve acabar com os incentivos à venda de eléctricos, bem como todos os investimentos a que se opõem os representantes das petrolíferas, dos investimentos na energia eólica à solar.

Segundo a referida publicação, este apoio de Trump às empresas que vivem dos combustíveis fósseis traz uma volta na ponta. O candidato terá prometido adoptar medidas que beneficiam as petrolíferas, mas só se estas injectassem 1 bilião de dólares (à americana, ou seja, 1000 milhões) na sua campanha presidencial, para voltar a colocá-lo na Casa Branca. Ainda de acordo com o Washington Post, alguns dos responsáveis pela petrolíferas ficaram espantados com a proposta, mas Trump terá afirmado que, apesar da quantia ser substancial, os ganhos das petrolíferas decorrentes das medidas por ele propostas assegurariam lucros muito superiores.

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