893kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Morreu o designer de moda Manuel Alves, da dupla Alves/Gonçalves

Este artigo tem mais de 6 meses

O designer português Manuel Alves, 72 anos de idade, da dupla de moda Alves/Gonçalves, morreu esta terça-feira no Hospital da Luz, vítima de cancro, confirmaram à agência Lusa amigos do estilista.

GettyImages-858166760
i

Manuel Alves, parte da dupla Alves/Gonçalves, era um dos grandes nomes da moda nacional

Getty Images

Manuel Alves, parte da dupla Alves/Gonçalves, era um dos grandes nomes da moda nacional

Getty Images

O designer português Manuel Alves, da dupla de moda Alves/Gonçalves que ficou conhecida como “os Manéis”, morreu esta terça-feira no Hospital da Luz, vítima de cancro, confirmaram à agência Lusa amigos do estilista. Tinha 72 anos de idade.

Segundo uma amiga da família, Cila Carmo, o designer de moda Manuel Alves, morreu esta terça-feira ao final da manhã no Hospital da Luz, em Lisboa, vítima de cancro, e o velório deverá ser na quarta-feira, na capela das Amoreiras, em Lisboa.

A marca Alves/Gonçalves confirmou a morte do designer de moda ao início tarde através de comunicado. “No coração dos seus familiares, amigos, alunos e clientes fica a memória do seu espírito livre e da estética irrepreensível que o transformaram numa referência incontornável da Moda em Portugal.”

Manuel Alves nasceu em Montalegre, no distrito de Vila Real (Trás-os-Montes) e partilhava com José Manuel Gonçalves o trabalho e a vida. Formaram uma dupla em 1984, quando ambos decidem inaugurar duas lojas no Bairro Alto, em Lisboa, para venderem as suas criações de homem e mulher. No ano seguinte viriam a apresentar as suas propostas no Palácio do Correio Velho e foi o início de muitas apresentações ao longo de anos. Vestiram a elite nacional e inúmeras personalidades bem conhecidas do público.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Manuel Alves e José Manuel Gonçalves criaram a marca de moda portuguesa Alves/Gonçalves, com a qual apresentaram coleções em ambas as semanas de moda nacionais, tanto na ModaLisboa como no Portugal Fashion. A par da criação de moda também trabalharam com a indústria, mais precisamente entre 1989 e 1992, com a qual criaram várias marcas para o mercado nacional e internacional, segundo se pode ler no site da marca.

A dupla também desenhou uniformes para empresas como a companhia aérea portuguesa TAP e a operadora telefónica Vodafone, assim como figurinos para cinema, teatro e bailado, tendo ainda desenvolvido uma linha de cerâmica e outra de joias e acessórios. Em 2008 também criaram um selo para os Correios de Portugal.

Entre 1991 e 2013, o designer de moda foi professor convidado da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, onde lecionou a cadeira de Design de Moda.

Em 2010, o Museu do Design e da Moda (MUDE), em Lisboa, fez uma retrospetiva sobre o trabalho e carreira da dupla de criadores.

Com o apoio do Portugal Fashion, a dupla desfilou as suas coleções em várias semanas da moda internacionais, designadamente São Paulo e Nova Iorque.

Numa entrevista ao jornal Público em 2023 refletiu sobre o estado atual da moda. “O mercado está saturado e hoje o poder quer sempre mais novidade, e isto é terrível, porque mesmo que o designer seja muito bom, ao fim de três anos tem de se ir embora”, disse Manuel Alves. “O capital domina tudo, e o mercado quer surpreender constantemente, a uma velocidade alucinante. Não sei quanto tempo a moda se aguenta assim… Hoje, o designer é um empregado, não é um criador, nem tem liberdade.”

Em 2020 a dupla de designers foi galardoada com um Prémio Men of the Year da revista GQ e Manuel Alves falou à revista sobre o trabalho da dupla e a longevidade da marca. “Se nós não estivermos em sintonia com o tempo que estamos a viver e não o surpreendermos, então não vale a pena existirmos enquanto designers.” Disse ser uma preocupação estar a par do que se passa no mundo em vários aspetos, “artístico, cultural, musical, até – porque nós ligamos muito à música”, confessou Manuel Alves. “Temos quadros por todo o lado, temos mil e tal peças de cerâmica… Somos muito hedonistas. Gostamos das coisas belas, do prazer. E nem falo do prazer físico, falo do prazer emocional, de ver coisas bonitas à nossa volta, de ter experiências do olfato, do tato.”

Em 2021, Manuel Alves falou com o Observador a propósito de um leilão com peças de arte e design da dupla, a “Colecção Alves/Gonçalves”. “Esta pandemia fez-nos passar mais tempo no espaço e olhar para o que fomos amontoando. A verdade é que não faz sentido ter tantas coisas e, a certa altura, surge a necessidade de mudar. Como designer, tenho de inventar novas soluções — a nível de vestuário, de estilo de vida e da minha própria casa. Não sou o tipo de pessoa que nasce e morre no mesmo sítio, com os mesmos objetos”, disse o designer de moda ao Observador.

O último desfile da dupla Alves/Gonçalves no Portugal Fashion terá sido em outubro de 2022 e a coleção primavera/verão 2023 pode ser vista neste vídeo partilhado pelo canal do FF Channel no Youtube.

A Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, expressou o seu “profundo pesar pelo falecimento de Manuel Alves” numa nota enviada à comunicação social.

O Portugal Fashion prestou homenagem a Manuel Alves com uma publicação no Instagram. “A moda portuguesa fica mais pobre. E menos alegre, menos criativa e mais cinzenta. Morreu o Manuel Alves, e com ele uma parte da história da moda nacional, da irreverência, do profissionalismo e da boa disposição que lhe corria nas veias. Ficam as memórias dos desfiles sempre cénicos, do trabalho perfeccionista e intemporal. Ficam as gargalhadas. Adeus, Manel. E obrigado!”

A ModaLisboa descreve que Manuel Alves, como um “nome incontornável da História da Moda nacional”, pode ler-se numa publciação no Instagram. “A sua obra, ao lado de José Manuel Gonçalves, foi tecida por uma visão estética inabalável, a constante reinvenção da modernidade e a acutilaste atenção ao detalhe. À marca Alves/Gonçalves, acrescenta-se o seu legado enquanto professor, que contribuiu largamente para o crescimento da Moda de Autor portuguesa e para a formação de vários talentos que hoje vemos florescer.”

A notícia da morte de Manuel Alves motivou as reações de pessoas que lhe eram próximas. “Fica em paz meu querido e bom amigo!!!”, escreveu Miguel Vieira na sua conta de Instagram. “Portugal perdeu um dos maiores talentos da moda de Portugal … que soube sempre se reinventar , e que muitos gerações de alunos ganharam e tiveram o privilégio de ser formados por ele. Gigante abraço Manuel Gonçalves.”

Filipa Garnel reagiu à morte de Manuel Alves na sua conta de Instagram. “A sobrevoar os EUA, recebo uma mensagem com a notícia da tua partida, querido Manel”, pode ler-se na legenda da publicação. “É estranho, talvez por estar nas nuvens, embora longe de Portugal, sinto-me tão perto de ti. Agora estás em paz. Para trás deixas uma vida cheia, linda, a obra do artista fantástico que foste, com um dos sentidos estéticos mais apurados que conheci. Vais fazer falta Manel. À tua família, aos amigos e a Portugal, que perde um nome grande da Moda. Deixo aqui um enorme beijo de muita força ao Manuel Gonçalves e a ti aquele abraço que não te pude dar.”

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.