O deputado Venâncio Mondlane acusou esta quinta-feira a Renamo de violar uma ordem do tribunal que permitia a sua participação no sétimo congresso da maior força da oposição, não descartando concorrer à Presidência de Moçambique sem apoio do partido.
“A decisão que ordenava à mesa do congresso para eu entrar na tenda, no congresso, foi desobedecida pelos órgãos jurisdicionais do partido (…), o responsável da área jurisdicional negou assinar a notificação do tribunal”, acusou esta quinta-feira Venâncio Mondlane, deputado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e que tinha anunciado a candidatura à liderança do partido no congresso, que decorre desde quarta-feira em Alto Molócue, província da Zambézia, a qual não foi aceite.
Em declarações aos jornalistas, Mondlane explicou que interpôs uma providência cautelar, garantindo que a mesma foi aceite pelo Tribunal Distrital de Alto Molócue, autorizando a sua participação no sétimo congresso do partido.
Na terça-feira, o porta-voz do maior partido da oposição, José Manteigas, disse que o deputado e candidato pela Renamo à autarquia da cidade de Maputo nas eleições de outubro de 2023 não ia participar do congresso porque foi reprovado – como representante do partido à reunião magana – na eleição à nível provincial.
“O processo eleitoral começa no distrito. Um indivíduo pode passar no distrito, mas não passar na província e é o caso dele, ele foi eleito no distrito, mas quando chegou na província foi chumbado”, disse José Manteigas.
Alegou mesmo que a decisão do tribunal, que permitiria a sua participação, não foi cumprida pelo partido e que levou o mesmo tribunal a emitir esta quinta-feira um ofício que “ordenava ao comando distrital da polícia a acompanhar o Venâncio para que tivesse acesso ao congresso”.
“O comando distrital da polícia também se recusou a cumprir a ordem do tribunal, que é uma coisa gravíssima”, acrescentou Mondlane.
O deputado, cuja candidatura à liderança do partido foi excluída pelos requisitos definidos pelos órgãos internos (período de militância), garantiu esta quinta-feira que “passaria como rolo compressor” neste congresso e que ia “esmagar tudo e todos” concorrentes durante a eleição do presidente da Renamo, assumindo que esse foi o motivo da não aceitação da sua candidatura.
“Isto não é falta de modéstia (…), se alguém acha que estou a fazer ‘bluff’, então que me permitam no congresso, entrar neste momento, e dizerem para concorrer. Eu te garanto de certeza que eu não saio com menos de 80% de votos daquele congresso”, disse Venâncio Mondlane aos jornalistas.
Afirmou que tinha apoio suficiente, se tivesse participado no congresso, para ser proposto pelo próprio órgão ao cargo de presidente da Renamo.
Questionado sobre o seu futuro, Mondlane não descartou a possibilidade de concorrer para Presidente de Moçambique nas eleições gerais de 9 de outubro sem o apoio da Renamo, decisão que tomará após o fim do congresso da Renamo, previsto para esta quinta-feira.
“Vamos ponderar todas as possibilidades que existem (…) nós não vamos desprezar nenhuma opinião, vamos respeitar todas elas e vamos levá-las para um debate dentro da nossa própria estrutura de sustento à minha candidatura, depois disso eu vou tomar a decisão”, declarou.
Ossufo Momade é o atual presidente da Renamo e disputa a posição, neste congresso, com Elias Dhlakama, irmão do líder histórico do partido (Afonso Dhlakama), Ivone Soares, deputada e antiga chefe de bancada parlamentar, André Magibire, antigo secretário-geral, Anselmo Vitor, chefe do departamento de formação, e Alfredo Magumisse, membro da comissão política.
Juliano Picardo, presidente do conselho provincial de Tete, Pedro Murema, vogal do conselho provincial da cidade de Maputo e Hermínio Morais, membro da comissão política também estão na lista de candidatos à liderança da Renamo.
Moçambique realiza em 9 de outubro eleições gerais, incluindo presidenciais, às quais já não pode concorrer o atual Presidente, Filipe Nyusi, por ter atingido o limite constitucional de dois mandatos.
Após a eleição do presidente, a Renamo terá de clarificar qual o candidato que vai apoiar ao cargo de Presidente da República nas eleições de outubro, que, por norma, é o líder do partido.