Por norma, a cadência de decisões que vão sendo conhecidas num qualquer campeonato vão apontando para diferentes cenários mas deixam sempre algo em aberto. Algo que, em condições normais, não era como o que estava em causa na Premier League. Os lugares de Champions estavam decididos, os últimos três lugares da zona de despromoção também. Ficava “apenas” apurar o campeão. “Apenas”. E mais uma vez existia uma equipa que entrava na última ronda com tudo na mão para poder revalidar o título, quase como se deixasse que todos os outros acreditassem que iriam mudar o rumo de uma maré que vai sempre para o mesmo lado até passarem para a frente na hora da verdade para tentarem fechar o título em casa.

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Mais uma vez, foi isso que aconteceu. Depois daquela surpreendente derrota caseira com o Aston Villa, o Arsenal dobrou todo e qualquer adversário para nunca desligar da possibilidade de chegar ao primeiro lugar no final, vencendo Chelsea, Tottenham e Manchester United na parte final da temporada. Problema? Após o nulo diante dos gunners em casa, e com uma eliminação nos quartos da Champions nas grandes penalidades pelo meio, os citizens somaram uma série de oito triunfos consecutivos. Mais: esta terça-feira, diante de um Tottenham a quem não ganhavam fora há cinco anos, voltaram a não facilitar e venceram por 2-0 com bis de Erling Haaland. Agora, as contas eram fáceis de fazer com os dois pontos de avanço: era ganhar ou ganhar ao West Ham no Etihad, com o Arsenal a jogar no Emirates com o Everton à espera de um “milagre”.

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“Gostaríamos de estar a vencer por 3-0 ao fim de dez minutos mas isso não vai acontecer. Estou pronto para um jogo muito duro e quero colocar isso na cabeça dos jogadores, dizendo-lhes: ‘Olhem para o Tottenham, vejam como lutaram por cada bola’. O West Ham vai estar pronto para nos bater, não tenho quaisquer dúvidas sobre isso. Aconteceu o mesmo com o Aston Villa há dois anos atrás. Lembro-me de dizerem que não conseguiríamos vencer a Premier sem fazer carrinhos e esse tipo de coisas mas desde aí já esqueci. Faz parte do processo, deu-me energia. No futebol, tens de arranjar energia e dizer: ‘Ok, vou provar que estão errados’. Caso contrário ficas mole, confortável, recebes elogios que tiram a energia necessária para competir”, tinha comentando na antecâmara da partida Pep Guardiola, que procurava mais um feito pelo Manchester City.

Depois de Kun Agüero em 2012, Nasri e Kompany em 2014 e de Ilkay Gündogan em 2022, os citizens procuravam o próximo herói do título e o técnico espanhol procurava prolongar ainda mais a história. Em caso de triunfo, seria o sexto título em sete temporadas, a que se juntam ainda uma Liga dos Campeões, um Mundial de Clubes, uma Supertaça Europeia, duas Taças de Inglaterra, quatro Taças da Liga e duas Supertaças, e o primeiro tetracampeonato da história do Manchester City e do futebol britânico, algo que esteve próximo de acontecer em cinco ocasiões desde 1888 com clubes como Manchester United, Liverpool ou Arsenal mas nunca chegou a concretizar-se. Agora, a história foi feita. E com Phil Foden no papel de herói, com um bis que colocou o internacional inglês com 19 golos na Premier e 27 em toda a temporada.

Minuto 0, Manchester City campeão (88-86). Os citizens partiam com essa vantagem de dependerem apenas de si para conquistarem o título em caso de vitória diante do West Ham mas também sabiam que, em caso de empate, o Arsenal iria sagrar-se campeão caso vencesse o Everton por ter vantagem nos golos.

Minuto 2, Manchester City campeão (91-87). Phil Foden não demorou a colocar tudo numa espécie de festa antecipada no Etihad Stadium com apenas 78 segundos de jogo após assistência de Bernardo Silva, fazendo o sexto golo de fora da área da temporada e colocando o City na frente diante do West Ham. Por essa hora, num encontro que começou mais cedo, o Arsenal mantinha o empate sem golos frente ao Everton.

Minuto 18, Manchester City campeão (91-87). Após várias oportunidades falhadas de um autêntico rolo compressor que deixou o West Ham remetido aos últimos 25 metros, Phil Foden bisou com um desvio na área a cruzamento de Doku e colocou o Manchester City ainda mais na frente em relação ao título. Em Londres, o Arsenal continuava sem conseguir marcar ao Everton apesar dos sete remates em 25 minutos.

Minuto 40, Manchester City campeão (91-86). As coisas não estavam fáceis para o Arsenal e pior ficaram ainda antes do intervalo, com Gueye a marcar um livre direito no corredor central mais descaído sobre a esquerda, a bola a bater na cabeça de Declan Rice e a trair David Raya para o 1-0 para os toffes.

Minuto 42, Manchester City campeão (91-86). O West Ham não teve muitas oportunidades para incomodar o guarda-redes Stefan Ortega, que substituía o lesionado Ederson na baliza, mas quando lá foi conseguiu fazer a diferença: Kudus conseguiu recuperar uma segunda bola na área, ajeitou para o remate acrobático e reduziu para 2-1 no Etihad Stadium com um grande golo que deixou Pep Guardiola em fúria.

Minuto 43, Manchester City campeão (91-87). O golo do Everton foi um balde de água fria para os adeptos do Arsenal, a resposta não poderia ter sido melhor: Tomiyasu surgiu na zona à entrada da área após cruzamento rasteiro da direita, rematou de primeira e fez de imediato o empate para os gunners numa resposta que dificilmente poderia ter sido melhor e que deixava tudo de novo em aberto no Emirates.

Minuto 45, Manchester City campeão (91-87). O intervalo chegou com tudo a correr de feição para a equipa de Pep Guardiola, não só pela vantagem sobre o West Ham (2-1) mas também pelo empate que se ia registando no Emirates entre Arsenal e Everton (1-1), mas com essa pequena nuance de haver uma maior confiança por parte dos adeptos londrinos que viam o título à distância de… dois golos nos dois jogos.

Minuto 59, Manchester City campeão (91-87). Há muitos, muitos jogos que Rodri não sofre uma derrota mas o espanhol é bem mais do que isso e tem uma especial apetência para marcar nos encontros que são decisivos. Aconteceu mais uma vez: com o Manchester City instalado no meio-campo contrário, Kevin de Bruyne viu Phil Foden por dentro, o inglês amorteceu para o médio e o remate colocado fez mesmo o 3-1.

Minuto 89, Manchester City campeão (91-89). Num lance que gerou alguns minutos de pausa para que tudo ficasse confirmado no VAR, o Arsenal conseguiu mesmo a reviravolta em cima do minuto 90 com um golo de Kai Havertz e reduziu a desvantagem para dois pontos com o 2-1 que definiu o encontro.

Minuto 90, Manchester City campeão (91-89). O final do jogo confirmou aquilo que há muito se percebera este domingo: o  Manchester City ia mesmo bater o West Ham e com isso ganharia o quarto título seguido na Premier League, com os jogadores a fugirem de imediato para o túnel perante a invasão pacífica do relvado dos adeptos e com todos os elementos do Arsenal a serem confortados pelos milhares que estavam presentes nas bancadas do Emirates Stadium e pelos próprios jogadores adversários do Everton.