O secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, expôs nesta terça-feira, ao primeiro-ministro, as conclusões do XV Congresso da confederação, pedindo soluções para as preocupações enfrentadas pelos trabalhadores face ao aumento dos custos de vida.
À saída da reunião com o primeiro-ministro, que serviu para apresentar as conclusões do 15.º Congresso da CGTP, Tiago Oliveira apresentou vários pontos para a defesa dos trabalhadores, como a necessidade de valorizar os salários, combater a precariedade e responder aos objetivos dos jovens.
Segundo o responsável da estrutura sindical, os jovens “são confrontados com condições de vida cada vez mais degradantes, cada vez mais difíceis para ter uma vida estável e com perspetiva de futuro”.
Uma outra preocupação levantada pelo secretário-geral da CGTP depois do encontro com Luís Montenegro diz respeito aos horários de trabalho, que, na sua opinião, são um entrave à vida familiar dos trabalhadores.
Cada vez mais, no nosso dia-a-dia, na nossa vida, somos confrontados com a crescente disponibilidade para responder aos objetivos concretos das empresas e esquecemos aquilo que deve ser uma maior conciliação entre a vida pessoal e familiar, que cada vez é mais remetida para o segundo plano”, lamentou Tiago Oliveira, depois da reunião, na Residência Oficial do primeiro-ministro, em Lisboa.
No conjunto de preocupações apresentadas, estão ainda a defesa da contratação coletiva e da negociação e a preocupação com o estado dos serviços públicos e a sustentabilidade da Segurança Social e do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da escola pública.
Durante a reunião, os responsáveis da CGTP e do executivo abordaram o programa do Governo para os quatro anos e, para o líder da estrutura sindical, continuam “as mesmas preocupações”.
“Saímos com esta ideia de que aquilo que está lá, preto no branco, será um aumento das dificuldades da desregulação da vida pessoal, da vida familiar, com uma perpetuação de políticas que não respondem à maioria”, lamentou.
Tiago Oliveira assinalou que Portugal não deve ser um país “que seja conhecido pela atividade e produtividade porque” pratica “salários baixos”.
A resposta, no entanto, não foi encontrada, disse, acusando o executivo liderado por Luís Montenegro de querer “uma perpetuação de uma política de baixos salários”.
“No nosso entender, é preciso responder, de facto, àquilo que são as necessidades dos dias de hoje, que é termos dinheiro para fazer face ao aumento do custo de vida que todos sentimos e não esperar para daqui a quatro, seis ou oito anos para conseguirmos responder a essas necessidades que já hoje existem”, sublinhou.
Sobre negociações, o representante da CGTP apontou que os trabalhadores “estão fartos de estar sempre a ceder alguma coisa”.
“Se o mundo pula e avança, então que avance também para os trabalhadores, porque isso é que é fundamental”, afirmou, garantindo que o objetivo é estar “sempre ao lado dos trabalhadores, ouvindo as suas principais preocupações”.
A reunião entre Luís Montenegro e Tiago Oliveira estava inicialmente prevista para dia 13 de maio, tendo sido adiada para esta terça-feira por indisponibilidade do chefe do Governo.
Na segunda-feira, a CGTP anunciou a realização de uma semana de luta entre 20 e 27 de junho, em defesa de melhores salários, redução de horários e manutenção de direitos.
A CGTP defende a subida do salário mínimo nacional para os 1.000 euros este ano, a fixação das 35 horas como limite máximo semanal de trabalho, bem como aumentos salariais de 15% com um mínimo de 150 euros.