A ministra do Ambiente é clara sobre a escassez de água no Algarve. “A primeira prioridade é poupar, a segunda é reutilizar e a terceira aumentar a capacidade das instalações que existem. A água vai ser sempre um bem escasso no Algarve”, enfatiza Maria Graça Carvalho numa entrevista ao jornal Público.

O Governo quer combater o desperdício da água na rede de abastecimento público no Algarve através de um investimento de 44 milhões de euros só para a reabilitação da rede urbana.

“Só foram aprovadas candidaturas de 27,2 milhões de euros. Os municípios ainda estão atrasados. Têm de acelerar”, avisa a ministra do Ambiente. “Temos perdas de 35% a nível nacional e 30% no Algarve. Se conseguíssemos reduzir as perdas para metade ou para 10%, ganhávamos muito”, explica.

A hipótese de construção de duas novas barragens, uma em Alportel (concelho de São Brás de Alportel) e outra na zona da Foupana (que atravessa os concelhos de Alcoutim e Castro Marim), estão em avaliação pelo Governo de Luís Montenegro. “A Agência Portuguesa do Ambiente diz-nos que [a hipótese de Alportel] poderia ser interessante porque, além da reserva de água, viria resolver os problemas das cheias em Tavira”, diz Graça Carvalho.

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Contudo, a ministra lança um aviso, sem se comprometer com qualquer resposta positiva ou negativa face à construção: “Todos os projetos têm de passar por um estudo muito rigoroso de impacto ambiental e têm de ter em conta medidas de mitigação”.

Captação de água do rio Guadiana avança

A ministra Graça Carvalho quer seguir o calendário que prevê a conclusão da captação do Pomarão (concelho de Mértola) até ao segundo trimestre de 2026. O projeto pretende captar a água do rio Guadiana e enviá-la através de condutas para a barragem de Odeleite — num percurso de mais de 30 km.

“Já estão a decorrer conversações com Espanha. Pediram mais informação”, explica.

Nessa negociações, uma das contrapartidas que o Governo espanhol poderá solicitar poderá ser a cedência de água da barragem do Alqueva ao sul de Espanha. Mas Graça Carvalho garante que tal hipótese “não está em cima da mesa”.

A ministra do Ambiente explicou ainda o levantamento das restrições no Algarve em relação à distribuição de água que foi decidida pelo Governo e que deverá ser formalizada no Conselho de Ministros de 10 de junho, sendo que a redução de consumo deverá passar de 25% para 13% em termos gerais.

“No ano passado, tínhamos as albufeiras no Algarve a cerca de 23%. Este ano temos a 43%. No resto do país, era a 63% em 2021, e temos agora 88%. De janeiro a março, o Algarve recuperou 80 hm3 de água”, explica a ministra do Ambiente.

Ou seja, a redução das restrições deveu a uma melhora das condições meteorológicas e de aumento da capacidade das barragens no Algarve.