Foi o dia em que um país inteiro passou a saber pronunciar Gelsenkirchen na perfeição. Há 20 anos, a 26 de maio de 2004, o FC Porto venceu o Mónaco na cidade alemã e conquistou a Liga dos Campeões, num conto de fadas escrito e pensado por José Mourinho e interpretado por Deco, Ricardo Carvalho, Costinha e companhia.

Depois de terem levantado a Taça UEFA no ano anterior, vencendo o Celtic em Sevilha, os dragões igualaram o feito de 1987 e sagraram-se campeões europeus. A viagem começou no Grupo F, com o FC Porto a ficar no segundo lugar atrás do Real Madrid e à frente de Marselha e Partizan. O que aconteceu nos meses seguintes foi história: a equipa de José Mourinho começou por afastar o Manchester United nos oitavos de final, numa eliminatória marcada pela correria do treinador em Old Trafford, eliminou o Lyon nos quartos de final e fez cair o Deportivo de Jorge Andrade nas meias-finais, com o internacional português a ser expulso na primeira mão.

Na final, o adversário foi o Mónaco de Morientes, Evra e Giuly. O Mónaco treinado por um Didier Deschamps que tinha sido campeão europeu enquanto jogador em duas ocasiões e que estava a dar os primeiros passos de uma carreira que o levaria ao topo do mundo com a seleção francesa. Mas o FC Porto já tinha o destino traçado. Carlos Alberto abriu o marcador na primeira parte, Deco aumentou a vantagem, Alenichev fechou as contas — em Gelsenkirchen, a Liga dos Campeões falava português e tinha José Mourinho como génio da lâmpada.

20 anos depois, nenhuma outra equipa portuguesa voltou à final da Liga dos Campeões. O feito do FC Porto parece cada vez mais distante, não só no tempo como na ideia de que dificilmente voltará a acontecer algo semelhante. Certo é que, há duas décadas, José Mourinho pegou num grupo de jogadores e alcançou o aparentemente impossível.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR