O Grande Prémio do Mónaco é, sem margem para dúvidas, a etapa mais mediática do Campeonato do Mundo de Fórmula 1. A envolvência do Principado, a complexidade do circuito e o lado glamoroso da corrida tornam o fim de semana monegasco num dos mais aguardados da temporada. Ainda assim, e ao fim de mais de 90 anos de tradição, começou a ser questionado.
E tudo porque, no passado domingo, Charles Leclerc liderou uma autêntica procissão pelas estradas no Mónaco. O Grande Prémio começou muito acidentado, com uma colisão violenta logo na primeira curva que provocou o abandono dos dois Haas e a destruição quase total do Red Bull de Sergio Pérez, e as equipas puderam mudar de pneus e recorrer às boxes durante a bandeira vermelha. Ou seja, o piloto monegasco, que tinha a pole-position, limitou-se a liderar um pelotão onde é quase impossível ultrapassar ao longo de 75 voltas.
A vitória do piloto da Ferrari, que se tornou apenas o segundo monegasco a ganhar em casa e o primeiro em 93 anos, abriu a porta a críticas acesas por parte de nomes influentes no mundo da Fórmula 1. Desde logo, pela ideia de que a atual envergadura dos carros, entre comprimento e largura, torna completamente inviável a possibilidade de uma corrida competitiva.
“Não é propriamente uma corrida, porque estás a conduzir por aí, três ou quatro segundos abaixo do ritmo que poderias atingir, porque o carro atrás de ti não tem qualquer possibilidade de ultrapassar. Devíamos olhar para isto. É um sítio ótimo, há muita história aqui, mas tudo tem de evoluir. Precisamos de trabalhar coletivamente enquanto modalidade, e em conjunto com o promotor, para tentar introduzir uma oportunidade de ultrapassagem”, disse Christian Horner, o team principal da Red Bull.
A mesma lógica de pensamento foi apresentada por Max Verstappen, que começou e acabou em sexto e sem qualquer possibilidade de subir na classificação. “Todos sabemos que no Mónaco é assim e tornou-se ainda mais difícil nos últimos anos, devido à largura dos carros. Se fosse possível, acho que poderíamos mudar algumas coisas, para tornar a corrida mais entusiasmante”, indicou o tricampeão mundial, que ouviu Lewis Hamilton defender uma posição semelhante.
“Não sei muito bem como é que foi assistir a esta corrida, mas tenho a certeza de que as pessoas estavam a adormecer. Temos de encontrar uma maneira de apimentar isto, talvez com três paragens obrigatórias”, explicou o britânico, que já ganhou no Mónaco em três ocasiões. O contrato do circuito monegasco com a Fórmula 1 termina em 2025, sendo que o valor pago para garantir a presença no Mundial é um dos mais baixos da competição. De acordo com a imprensa especializada, a Fórmula 1 vai procurar subir o valor, para justificar a existência do Grande Prémio do Mónaco, sendo que Bangkok é a principal rival para roubar a vaga.